O Carrefour (CRFB3) anunciou que os cargos ocupados por Abílio Diniz na empresa ficarão “vagos momentaneamente” até posterior deliberação pelo Conselho de Administração da companhia. No entanto, a incerteza sobre o destino das 152 milhões de ações CRFB3 pertencentes ao empresário, falecido no último domingo (18), continua a preocupar os investidores.
A fatia relevante do capital do Carrefour fazia parte da fortuna de Abilio Diniz estimada em R$ 12,19 bilhões, segundo a Forbes. Por meio do fundo de investimentos em participações, Península II, ele detinha 7,3% da varejista. Além de acionista de referência, o executivo ocupava o cargo de vice-presidente do Conselho de Administração da companhia e era considerado um dos maiores nomes do varejo brasileiro.
A sucessão não recai diretamente sobre as ações do Carrefour, mas sobre a holding Península – veículo por meio do qual Diniz investia nos papéis da varejista e em outras companhias de capital aberto. Ou seja, serão transferidos aos herdeiros possivelmente as cotas de participação na Península.
Há um acordo de acionistas entre a Península e o Carrefour que restringe a transferência de ações para qualquer pessoa que “conduzir atividades de varejo de alimentos em massa em qualquer parte do mundo”, cujo faturamento com a atividade seja superior a US$ 1 bilhão – isto é, concorrentes do Carrefour.
Portanto, o que deve ser observado de perto a partir de agora é se este tratado será quebrado, o que sujeitaria a fatia de Diniz a ser vendida a concorrentes e grupos específicos. Uma das hipóteses que quebraria esse acordo ocorreria caso a sucessão do controle da holding fosse feita para um terceiro, não descente de Diniz ou funcionário de empresas controladas por ele.
Ações e cotas de fundos de investimentos entram em heranças como qualquer outro bem e ficam sujeitas a partilha entre os herdeiros necessários (como os filhos do empresário), aos quais são reservados 50% do valor da herança, e eventuais herdeiros não-necessários ou legatários, descritos em testamento.
É provável que qualquer transição seja planejada para garantir estabilidade e continuidade nos negócios, especialmente considerando a estrutura e a escala de operações de empresas globais, como o Carrefour.