Dados alarmantes revelam que cerca de 85% da população brasileira arrisca-se a utilizar medicamentos por conta própria, sem a orientação necessária de profissionais da saúde. A prática da automedicação, difundida amplamente, emerge como um sério problema de saúde pública, levando a complicações evitáveis e, em alguns casos, até mesmo a fatalidades.
O farmacêutico e pesquisador em Ciências Farmacêuticas, Thiago de Melo, destaca a urgência de conscientizar a população sobre os perigos da automedicação. Reduzir essas incidências não apenas evitaria internações desnecessárias, mas também preveniria diversas complicações e até mesmo mortes evitáveis.
Perigos Concretos da Automedicação
“A busca por soluções rápidas aliada à facilidade de acesso aos medicamentos pode ser um coquetel perigoso. Muitas pessoas desconhecem que cada organismo reage de formas distintas aos fármacos, o que aumenta significativamente os riscos”, alerta o especialista.
O uso prolongado de anti-inflamatórios, por exemplo, já é conhecido por causar problemas gastrointestinais. No entanto, persistem mitos, como a ideia de que certos medicamentos são isentos de efeitos colaterais. Thiago de Melo esclarece que, no caso do diclofenaco de potássio, a ilusão de segurança pode resultar em aumento da pressão arterial, colocando em risco a saúde cardiovascular.
A utilização inadequada de corticoides também figura entre os perigos da automedicação. Efeitos colaterais como supressão do sistema imunológico, aumento da pressão arterial, osteoporose e insônia são apenas algumas das complicações possíveis, especialmente em pessoas com diabetes, cujo controle da glicose pode ser prejudicado.
O especialista alerta que esses são apenas exemplos visíveis da vasta gama de complicações geradas pela automedicação. Além disso, destaca o perigo de interações medicamentosas desconhecidas e a possibilidade de mascarar sintomas de doenças subjacentes, retardando diagnósticos e tratamentos adequados.
A Importância da Orientação Profissional
O uso de qualquer medicamento deve ser conduzido por profissionais capacitados, como médicos e farmacêuticos, que possuem o conhecimento técnico necessário para avaliar cada caso individualmente e prescrever a terapia mais adequada. Thiago de Melo enfatiza que a tecnologia pode ser uma aliada consciente, mas nunca deve substituir uma consulta médica especializada.
“Convido a todos a refletirem sobre sua atitude em relação aos medicamentos. Procure sempre a orientação de profissionais de saúde qualificados, que poderão indicar a melhor abordagem terapêutica para cada caso específico. A saúde é valiosa demais para ser arriscada pela imprudência”, conclui o especialista.
A conscientização sobre os riscos da automedicação é essencial para preservar a saúde da população e promover o uso responsável de medicamentos, garantindo tratamentos seguros e eficazes.