A pesquisa eleitoral divulgada pela Quaest nesta quarta-feira, 16 de outubro de 2024, trouxe novos elementos para o embate político entre o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o candidato Guilherme Boulos (PSOL). Com o segundo turno das eleições municipais se aproximando, ambos os candidatos interpretam os resultados de maneira divergente, refletindo as estratégias distintas adotadas por suas campanhas.
Ricardo Nunes e a Liderança Estável
A equipe de Ricardo Nunes recebeu os números da pesquisa Quaest com um certo alívio. O prefeito obteve 45% das intenções de voto no cenário estimulado, no qual os nomes dos candidatos são apresentados aos eleitores. Segundo os assessores de Nunes, esse resultado reflete a estabilidade de sua liderança na reta final da corrida eleitoral.
Além disso, a equipe de Nunes destacou que a pesquisa Quaest está em sintonia com os levantamentos internos da campanha, apontando uma vantagem confortável de 12 pontos percentuais sobre Guilherme Boulos, que aparece com 33% das intenções de voto. Essa distância é interpretada pela equipe de Nunes como um reflexo da confiança do eleitorado na continuidade de sua administração, especialmente em um momento crítico, marcado pelos efeitos das fortes chuvas que atingiram São Paulo em 11 de outubro.
Os 19% dos eleitores que afirmaram que votariam em branco ou anulariam o voto são vistos pela equipe de Nunes como uma herança dos eleitores que apoiaram Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno. Marçal, que tinha uma candidatura de perfil mais conservador, não conseguiu avançar ao segundo turno, e agora esses votos parecem estar dispersos entre os indecisos ou inclinados a não participar da votação.
Boulos e a Esperança nos Indecisos
Em contrapartida, a campanha de Guilherme Boulos mantém um tom otimista, apesar da desvantagem apontada pela pesquisa. A equipe do PSOL está concentrando esforços em converter o elevado número de eleitores indecisos, especialmente os 3% que ainda não definiram seu voto no cenário estimulado e os 26% de indecisos no cenário espontâneo.
No cenário espontâneo, em que os eleitores respondem sem que os nomes dos candidatos sejam apresentados, Nunes lidera com 38% das intenções de voto, enquanto Boulos registra 28%. No entanto, a campanha do PSOL vê os 26% de indecisos como uma grande oportunidade. Segundo a equipe de Boulos, esse grupo pode ser decisivo nos últimos dias de campanha, abrindo caminho para uma possível virada na reta final.
A estratégia da campanha de Boulos é baseada na mobilização do eleitorado jovem e progressista, que poderia ser motivado a votar à medida que a disputa se aproxima do fim. A equipe também considera que a diferença entre os candidatos tem diminuído desde o primeiro turno, e essa tendência pode continuar até o dia da votação. Mesmo que os números da Quaest mostrem uma vantagem para Nunes, a equipe de Boulos se apega ao fato de que a última pesquisa realizada pelo instituto, antes do primeiro turno, indicava uma diferença maior.
Impacto do Apagão nas Candidaturas
A chuva intensa que atingiu São Paulo no dia 11 de outubro, causando apagões em diversas regiões, foi um ponto de controvérsia na campanha de ambos os candidatos. Boulos tentou associar o episódio à administração de Nunes, argumentando que o prefeito não teria gerido a crise climática de forma adequada. No entanto, a equipe de Nunes minimizou o impacto desse evento sobre sua candidatura, afirmando que o eleitorado compreendeu que o apagão foi causado por um fenômeno climático excepcional, e não por falhas da administração pública.
As entrevistas da Quaest foram realizadas entre os dias 12 e 15 de outubro, um período em que a cidade ainda estava lidando com as consequências das tempestades. Apesar da tentativa de Boulos de usar o apagão como uma oportunidade de criticar a gestão de Nunes, o prefeito manteve sua posição de liderança nas pesquisas, sugerindo que o eleitorado não considerou o episódio como decisivo.
Análise e Perspectivas para o Segundo Turno
Com o segundo turno marcado para o final de outubro, o cenário eleitoral ainda está em aberto. A pesquisa Quaest, com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, e um índice de confiança de 95%, oferece uma fotografia momentânea da disputa. Nunes, com 45% no cenário estimulado, está perto de garantir sua reeleição, enquanto Boulos, com 33%, precisa conquistar a maioria dos indecisos e reverter parte dos votos brancos e nulos para ter uma chance real de vitória.
A batalha agora se intensifica nos últimos dias de campanha. Nunes aposta na continuidade de seu trabalho à frente da prefeitura, ressaltando suas realizações e a estabilidade de sua liderança, enquanto Boulos tenta se posicionar como uma alternativa de mudança, especialmente para os eleitores que ainda não se decidiram.
Ambas as campanhas reconhecem a importância dos indecisos neste momento decisivo. Enquanto a equipe de Nunes espera que a estabilidade de sua liderança se mantenha até o dia da votação, a campanha de Boulos acredita que os eleitores ainda podem ser convencidos a mudar de lado. Com a proximidade do segundo turno, o embate entre os candidatos promete se intensificar, e o resultado final dependerá de como ambos conseguirão mobilizar suas bases e conquistar o voto daqueles que ainda não tomaram uma decisão definitiva.