Magda Chambriard, a nova presidente da Petrobras (PETR3; PETR4), realizou sua primeira entrevista coletiva nesta segunda-feira (27). Entre os principais tópicos abordados, destacaram-se a política de preços, os investimentos em energias renováveis e a necessidade de explorar novas reservas de petróleo, uma vez que a produção do pré-sal deve entrar em declínio a partir de 2030. As reações no mercado financeiro variaram de positivas a neutras, dependendo do contexto das declarações.
Política de Preços e Foco no Core Business
Felipe Corleta, sócio da GTF Capital, avaliou positivamente as declarações de Chambriard sobre a exploração de petróleo e o comprometimento com os acionistas minoritários. Segundo ele, manter o foco no core business da empresa é crucial. No entanto, a política de preços mencionada por Chambriard, que busca alinhar os preços ao mercado global, mas ao mesmo tempo reduzir a volatilidade para o consumidor e “abrasileirar” os preços, levantou dúvidas sobre o impacto para os investidores que esperam dividendos.
Investimentos e Planos de Expansão
João Abouni, analista da Levante Corp, comentou que o discurso de Chambriard indica uma gestão similar à do ex-presidente Jean Paul Prates, com algumas mudanças nas prioridades e na velocidade de execução do Plano de Investimentos 2024-2028. Chambriard mencionou que não pretende investir em eólicas offshore, preferindo caminhos mais rentáveis e menos arriscados. Abouni considerou as declarações como razoáveis, destacando o foco em investimentos menos arriscados.
Exploração na Margem Equatorial e Meio Ambiente
Durante a coletiva, Chambriard abordou a resistência do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em liberar a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Ela enfatizou a necessidade de repor reservas, destacando que o pré-sal deve entrar em declínio a partir de 2030. Segundo a CEO, é essencial explorar o litoral brasileiro, incluindo a Margem Equatorial, para garantir a continuidade da produção.
Reação dos Analistas
Para Corleta e Abouni, o discurso de Chambriard sinaliza que a Petrobras continuará focada na expansão para melhorar a rentabilidade dos investidores. Corleta destacou que, apesar do choque inicial com a demissão de Prates, a entrevista foi marginalmente positiva. Ele ressaltou a importância de acompanhar as primeiras ações da nova presidente para entender melhor os rumos da empresa em relação a dividendos, investimentos e preços de combustíveis.
Dividendos e Expectativas de Mercado
A Levante mantém a perspectiva de que a Petrobras continuará a pagar dividendos elevados. A corretora estima que a empresa pagará cerca de 15% do valor de sua ação em dividendos nos próximos 12 meses. Abouni recomendou a compra de PETR4, sem revelar um preço-alvo específico.
O BTG Pactual também tem uma visão otimista, recomendando a compra das ações da Petrobras negociadas em Nova York, com um preço-alvo de US$ 19 para os próximos 12 meses, um aumento de 28,2% em relação ao último fechamento. Em termos de dividendos, o BTG projeta um pagamento de 16,1% do valor de mercado em proventos nos próximos 12 meses.
Mudanças Gradativas nos Pagamentos de Dividendos
Ricardo Salim, analista da Lumi, compartilha a perspectiva do BTG, destacando que mudanças no pagamento de proventos podem levar tempo. Ele estima um dividend yield de 16% para 2024 e recomenda a compra das ações da Petrobras na Bolsa brasileira, com um preço-alvo de R$ 46,46 para o final do ano, representando um potencial de alta de 25,5%.
Visões Diversificadas sobre o Futuro
Mateus Haag, da Guide, tem uma visão mais cautelosa, considerando as declarações de Chambriard como neutras. Ele prevê que os investimentos devem aumentar, os dividendos devem diminuir e a política de preços dos combustíveis deve permanecer inalterada. Ainda assim, Haag recomenda a compra das ações, com um preço-alvo de R$ 42, representando um aumento potencial de 13,48% em relação ao último fechamento.
As declarações de Magda Chambriard mostram uma Petrobras comprometida com a exploração de novas reservas e a busca por rentabilidade para os investidores, apesar das incertezas na política de preços e nas resistências ambientais. A continuidade dos dividendos elevados e os planos de investimento serão pontos críticos a serem observados nos próximos meses para entender melhor a direção da empresa sob a nova liderança.