A Eletronuclear está dando continuidade ao Plano de Aceleração da Linha Crítica da Usina Angra 3, conforme anunciado pelo presidente da estatal, Eduardo Grand Court, nesta quinta-feira (20). A retomada do projeto já está em andamento, tendo sido concedida uma liminar que suspendeu o embargo imposto pela prefeitura. Atualmente, a empresa Ferreira Guedes, vencedora da licitação, está envolvida na primeira etapa do empreendimento.
Entretanto, a verdadeira retomada da obra ocorrerá após a realização de uma licitação internacional para contratação do epecista, ou seja, do projetista, fornecedor e construtor, simultaneamente. Essa etapa dependerá dos estudos realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que definirão os investimentos necessários e a melhor estratégia para continuar o projeto como um todo.
Os resultados desses estudos deverão ser submetidos ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e ao Tribunal de Contas da União (TCU). Concluídas essas etapas, será publicado um edital para uma licitação internacional, permitindo que as empresas interessadas apresentem suas propostas. A empresa ou consórcio vencedor será responsável por concluir as obras civis e a montagem eletromecânica da usina, através de um contrato de EPC.
Para o presidente da Eletronuclear, a expectativa é que essa licitação ocorra em 2024, possibilitando a plena retomada do empreendimento. Até o momento, foram investidos cerca de R$ 7,8 bilhões em Angra 3, sendo necessário um aporte adicional de R$ 20 bilhões para a conclusão do projeto e sua entrada em operação, prevista para 2029.
Grand Court ressaltou que a energia gerada por Angra 3 terá um papel importante no mercado, dando suporte ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Ele destacou que, durante a crise energética de 2021, as usinas nucleares operaram a plena capacidade, contribuindo para a estabilidade do sistema no Brasil.
Uma vez concluída, a usina gerará 1.400 MW de energia, entregando pelo menos 90% da energia produzida. Diferentemente de outras fontes de energia que geram 100% mas entregam em média apenas 30% a 40%, a energia nuclear contribui para a estabilidade do sistema interligado. Ademais, Grand Court enfatizou que, ao ser concluída, somente os consumidores que efetivamente utilizarem a energia pagarão pelas contas, pois a Eletronuclear busca captar recursos através de investimentos privados, reembolsando os investidores com a receita gerada pela energia produzida.
De acordo com o executivo, caso o empreendimento fosse abandonado, os custos seriam similares, uma vez que seria necessário desmantelar o que já foi construído e pagar compensações ambientais acordadas, gerando um alto custo, e sem a geração de energia. Ele enfatizou que o contribuinte acabaria pagando por isso.
Em suma, a conclusão da Usina Angra 3 representa um importante marco para o Brasil, pois a energia gerada contribuirá para a estabilidade do Sistema Interligado Nacional, além de possibilitar o pagamento dos investimentos sem recorrer a recursos da União. A perspectiva é de que a usina esteja operacional em 2029, entregando energia de forma mais eficiente e sustentável.