O mercado financeiro abriu nesta quinta-feira (26) com um movimento de queda acentuada do dólar. A moeda americana recuou 1,15% em relação ao real, sendo cotada a R$ 5,4126 no início do pregão. Esse movimento de desvalorização está alinhado com a expectativa dos investidores sobre eventos cruciais programados para o dia, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, envolvendo declarações e projeções econômicas que podem impactar o rumo das políticas monetárias das duas maiores economias do continente americano.
Federal Reserve em foco: mercado atento a Jerome Powell e John Williams
Nos Estados Unidos, a atenção dos investidores está voltada para um evento da divisão de Nova York do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. O encontro contará com a participação de vários membros importantes da autoridade monetária, incluindo o presidente do Fed, Jerome Powell, e o líder do Fed de Nova York, John Williams. A presença dessas figuras de alto escalão reforça a expectativa de que suas declarações possam fornecer pistas sobre os próximos passos da política monetária dos Estados Unidos, incluindo o ritmo das taxas de juros.
O evento ocorre em um momento em que os mercados estão tentando interpretar o rumo da economia americana e os potenciais efeitos de uma possível desaceleração ou manutenção da política de aperto monetário. Embora o Federal Reserve tenha indicado uma postura vigilante em relação à inflação, os dados mais recentes de crescimento e emprego apontam uma economia ainda robusta, o que pode manter a pressão por novas altas nas taxas de juros.
Banco Central do Brasil divulga Relatório de Inflação
No cenário brasileiro, os investidores estão atentos à coletiva de imprensa do Banco Central do Brasil, onde o presidente Roberto Campos Neto e o diretor de política econômica, Diogo Guillen, irão apresentar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), referente ao terceiro trimestre. O documento traz as projeções atualizadas do Banco Central para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o Produto Interno Bruto (PIB) e o balanço de pagamentos do país.
No relatório anterior, o BC previa uma inflação de 0,33% para junho, 0,12% para julho, 0,07% para agosto e 0,21% para setembro. Com esses números, a expectativa de inflação acumulada em 12 meses até junho era de 4,35%, e até setembro, de 4,13%. Esses dados são fundamentais para as decisões de política monetária do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a taxa básica de juros, a Selic.
A coletiva de imprensa, agendada para às 11h em São Paulo, poderá trazer novos detalhes sobre o comportamento da inflação e sobre as estratégias do BC para mantê-la dentro da meta. Posteriormente, às 15h, Campos Neto também participará da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), onde outros temas econômicos estarão em pauta.
Cenário internacional: PIB dos EUA e seguro-desemprego
Nos Estados Unidos, além do evento do Federal Reserve, o Departamento de Comércio também divulgará hoje a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) referente ao segundo trimestre de 2024. A projeção anterior indicava um crescimento de 1,4% em comparação ao trimestre anterior, mas espera-se uma revisão para cima, com uma alta de até 3%. Junto com o PIB, será divulgado o índice de preços de gastos com consumo pessoal (PCE) e seu núcleo, que são medidas relevantes para a inflação.
No primeiro trimestre de 2024, o PCE apresentou uma variação de 3,4%, enquanto o núcleo registrou 3,7% em comparação ao período anterior. Agora, espera-se que o núcleo fique em 2,8% e o índice geral em 2,5%, ambos na análise trimestral.
Além disso, o Departamento de Trabalho americano divulgará o total de novos pedidos de seguro-desemprego registrados na semana encerrada em 21 de setembro. Na semana anterior, o número de solicitações foi de 219 mil, enquanto a projeção atual é de 225 mil novos pedidos. Esses números são acompanhados de perto pelos mercados, pois oferecem uma visão sobre a força do mercado de trabalho nos Estados Unidos, um indicador chave para a política monetária do Fed.
Impacto no mercado: dólar e perspectivas
A queda do dólar nesta manhã reflete uma combinação de fatores globais e locais, com os investidores analisando tanto o desempenho da economia americana quanto as perspectivas da economia brasileira. A desvalorização da moeda americana pode ser um reflexo das expectativas de que o Federal Reserve adote uma postura mais cautelosa em relação ao aumento de juros, em um contexto de inflação moderada e crescimento econômico mais estável.
Além disso, os mercados brasileiros estão em um momento de expectativa quanto à inflação e ao crescimento econômico, fatores que são cruciais para as decisões futuras do Banco Central. Caso o cenário inflacionário mostre sinais de estabilização, é possível que o Copom continue com uma política de corte gradual na taxa de juros, o que também pode influenciar a trajetória do câmbio.
Ontem, o dólar fechou a sessão em alta de 0,23%, cotado a R$ 5,4755, mas a queda registrada hoje pode apontar para uma tendência de maior volatilidade no curto prazo, especialmente diante dos eventos econômicos programados para o dia.
Eventos futuros: mais dados e decisões à vista
Além das divulgações já mencionadas, outros eventos importantes estão programados para o restante do dia. A presidente do Federal Reserve de Boston, Susan Collins, fará um discurso nesta manhã, seguido de uma fala de Adriana Kugler, diretora do Federal Reserve. Ambos os eventos são aguardados com interesse pelo mercado, já que qualquer sinalização sobre a política monetária futura pode impactar as projeções dos investidores.
Com tantos dados e eventos importantes programados para hoje, os próximos dias prometem ser movimentados para o mercado financeiro, com reflexos tanto no câmbio quanto nas bolsas de valores ao redor do mundo.