Os recentes ventos otimistas vindos dos Estados Unidos têm impactado significativamente o mercado brasileiro, trazendo uma reviravolta tanto na Bolsa quanto no câmbio. Pela primeira vez desde meados de setembro, o dólar encerrou a segunda-feira cotado a R$ 4,88.
Essa mudança positiva começou a se delinear na quarta-feira passada, coincidindo com a reunião de política monetária no Brasil e nos EUA. Enquanto o Banco Central brasileiro promoveu mais um corte de 0,5 ponto percentual na Selic, o Federal Reserve (Fed) optou por manter inalterada a taxa de juros americana. Além disso, dados recentes revelaram um certo arrefecimento no mercado de trabalho nos EUA, gerando um impacto favorável nos investidores globais.
Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio, aponta que o posicionamento do Fed em manter as taxas em níveis restritivos por mais tempo já estava precificado. Isso motivou investidores a buscar retornos mais atrativos em moedas como a brasileira, que oferecem maiores rendimentos.
A pressão nos mercados globais devido ao cenário de juros altos nos EUA tem sido constante nos últimos meses. A compreensão de que as taxas das Treasuries (Títulos do Tesouro Americano) seriam mais elevadas do que o esperado inicialmente desencadeou uma onda de aversão ao risco entre investidores, refletindo, por exemplo, na queda do Ibovespa em outubro.
O alívio recente no câmbio pode ser positivo para investidores interessados na compra de dólar e outras moedas estrangeiras. No entanto, embora a cotação atual esteja distante dos R$ 4,73 registrados no início do ano, a projeção do Boletim Focus mantém-se em R$ 5 até o final do ano.
Enquanto alguns especialistas veem uma valorização potencial do real, como Carlos Alberto Rodrigues Junior da WIT Exchange, outros, como Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank, mantêm uma visão mais cautelosa. Perottoni destaca questões como conflitos geopolíticos e a situação fiscal no Brasil que podem influenciar no cenário econômico.
Para aqueles que buscam adquirir dólar no curto prazo, este momento pode ser estratégico, porém, é fundamental considerar as oscilações e as variáveis que influenciam o mercado cambial, especialmente em um contexto de incertezas globais.