Na noite de ontem, o Senado Federal brasileiro alcançou um marco histórico ao aprovar a tão aguardada reforma tributária. Este feito, que por décadas pareceu uma utopia diante das complexidades do sistema fiscal brasileiro, é uma conquista notável para o país. No entanto, embora celebrada, a aprovação é apenas o primeiro passo de um longo caminho que se estende à frente.
Desde a promulgação da Constituição de 1988, o Brasil testemunhou a aprovação de importantes marcos legais, cada um deles trazendo consigo a promessa de um futuro mais justo e próspero. A Lei de Responsabilidade Fiscal, a Reforma do Judiciário, a Reforma da Previdência e a Autonomia do Banco Central foram passos cruciais nessa jornada. Agora, a reforma tributária junta-se a essa lista, com a esperança de simplificar a cobrança de tributos, desonerar investimentos e exportações, além de reduzir significativamente a guerra fiscal que assolou o país por tanto tempo.
No entanto, o texto aprovado no Senado revela a complexidade do desafio que ainda está por vir. São necessárias pelo menos 63 leis complementares para regulamentar diversos aspectos da reforma, desde a instituição do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) até os regimes específicos de tributação para setores como combustíveis, serviços financeiros, planos de saúde, entre outros. O cuidado na redação dessas leis será crucial para evitar brechas que possam levar à sonegação fiscal, garantindo assim a integridade do novo sistema tributário.
Além disso, a criação do Comitê Gestor do IBS, a definição das alíquotas e a instituição de mecanismos para lidar com questões fiscais durante a transição federativa são desafios iminentes. O governo federal, juntamente com o Congresso e demais entidades envolvidas, terá a responsabilidade de assegurar que a implementação seja realizada de forma cuidadosa, transparente e bem comunicada à sociedade.
O Secretário Extraordinário do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, figura central na luta pela reforma tributária ao longo de duas décadas, expressou otimismo, mas também destacou a importância do trabalho árduo que ainda está por vir. “A economia e a população brasileira só vão colher os benefícios da reforma tributária se sua implementação for feita de forma cuidadosa e muito bem comunicada junto à sociedade”, ressaltou.
Enquanto o país comemora essa conquista significativa, é crucial manter o foco nas etapas subsequentes. O sucesso da reforma tributária dependerá não apenas da sua aprovação no papel, mas da sua implementação eficaz, garantindo assim um sistema tributário mais equitativo, transparente e eficiente para todos os brasileiros. O trabalho está apenas começando, e o Brasil está diante de uma oportunidade histórica para moldar seu futuro econômico de maneira positiva e sustentável.