As sondagens de comércio e serviços, divulgadas nessa quinta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), mostram que a recuperação nos dois setores ainda é acompanhada de certa cautela. Para o economista Rodolpho Tobler, do FGV-Ibre, contudo, a expectativa é de um segundo semestre melhor que o primeiro para ambos, embora a base comparativa seja fraca.
“Não dá para comemorar muito porque o primeiro [semestre] não foi muito bom. Parece que as coisas estão saindo do fundo do poço, mas tem que ter cautela com essa melhora. E os fundamentos da economia precisam continuar avançando”, diz Tobler.
O Índice de Confiança do Comércio (Icom) subiu 6,9 pontos em junho, para 94,2, no melhor resultado desde os 98 pontos de outubro do ano passado. A alta foi disseminada em todos os seis principais segmentos do setor e puxada pelo Índice de Situação Atual (ISA-Com), que subiu 8,8 pontos, para 98,9. O Índice de Expectativas (IE-com) cresceu 4,6 pontos, para 89,7. Tanto o ISA quanto o IE atingiram o maior patamar desde outubro de 2022.
Tobler destaca que se observa realmente uma recuperação do comércio, embora ainda abaixo do ano passado. Em setembro, o Icom chegou a superar a barreira de 100 pontos, que denota otimismo do setor, ao atingir a marca de 101,8.
“O ISA-Com vinha sofrendo muito. Com o aquecimento da demanda, teve uma recuperação forte, que pode não ser tão forte quanto aparenta”, afirma Tobler.
O economista destaca que o cenário macroeconômico explica a melhora de junho. Mas alerta para a necessidade de cautela, uma vez que os juros ainda estão altos e os consumidores seguem endividados.
“O segundo semestre tende a ser melhor que o primeiro. Mas o ano ainda será desafiador para o setor de comércio”, afirma.
Serviços têm quarta expansão seguida
Nos serviços, Tobler lembra que o cenário é “um pouco diferente”, embora com trajetórias semelhantes. Em junho, o Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 3,7 pontos, para 96,6 pontos, também no maior nível desde outubro de 2022, quando marcou 99,1 pontos.
O Índice da Situação Atual (ISA-S) subiu 5,9 pontos, para 99,3, também o maior desde outubro de 2022. Já o Índice de Expectativas (IE-Com) avançou 1,3 pontos, para 94, o maior desde setembro do ano passado.
Tobler destaca que a melhora no ICS é anterior à observada no comércio. No caso dos serviços, foi o quarto crescimento seguido do índice, desde a marca de 89,1 pontos de fevereiro.
“Os serviços também mostram um fim de primeiro semestre mais aquecido”, diz o economista, observando que os empresários do setor estão “um pouco mais otimistas” que os do comércio, embora “ainda não haja nada muito claro.”
Tobler afirma que uma alta mais consistente e a manutenção em patamares mais altos de otimismo vão depender do andamento da economia como um todo no segundo semestre, principalmente em relação ao comportamento de variáveis como juros, inflação e endividamento. “Vai depender das variáveis”, diz.