O aumento das quantidades embarcadas de produtos tem contribuído para o avanço das exportações brasileiras e o superávit da balança comercial do país. Nos primeiros oito meses de 2023, a balança comercial registrou um superávit de US$ 62,4 bilhões, superando o saldo positivo de US$ 61,8 bilhões de todo o ano de 2022. Além disso, o superávit deste ano também é US$ 18,7 bilhões maior do que o registrado no mesmo período do ano anterior.
De acordo com o boletim do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), desde maio deste ano, os superávits comerciais mensais têm sido consistentemente superiores aos de 2022. Se essa tendência se mantiver nos últimos meses de 2023, a balança comercial do ano poderá fechar com um saldo de US$ 80,2 bilhões. Uma projeção pessimista seria um superávit em torno de US$ 70 bilhões, enquanto uma projeção otimista seria cerca de US$ 80 bilhões.
Essa melhora no superávit ao longo do ano deve-se principalmente ao aumento do volume de exportações e à queda no volume de importações, uma vez que os preços também caíram para ambos os fluxos, destacou o boletim.
Os resultados das exportações dependem principalmente do desempenho das commodities, que representam cerca de 70% das vendas externas do Brasil. O volume de exportação de commodities cresceu 21% em agosto em comparação com o mesmo mês do ano passado e aumentou 11% no acumulado do ano até agosto. No entanto, os preços caíram 13,3% mensalmente e 9,2% no acumulado do ano.
Cinco produtos – soja em grão, petróleo bruto, minério de ferro e milho – explicaram 60,3% do total das exportações de commodities, com preços mais baixos, mas volumes maiores, especialmente para a soja em grão, que teve um aumento de 37,6% no volume de exportação, de acordo com o boletim.
No caso das importações, produtos não relacionados a commodities representam cerca de 90% das compras brasileiras no exterior. O volume importado desses produtos caiu 6,6% em agosto em comparação com o mesmo mês de 2022 e 2,8% no acumulado do ano até agosto.
Em relação aos destinos das exportações brasileiras, a China continua sendo o principal mercado, representando 30,2% das vendas totais, seguida pelos Estados Unidos com 10,5% e a Argentina com 5,6%. O superávit com a China respondeu por 53% do saldo positivo da balança comercial.
Com pesquisas coordenadas pela economista Lia Valls, o Icomex mantém a avaliação de um crescimento mais lento nas exportações até o final do ano, mas observa que recentes medidas do governo chinês para estimular o consumo podem ter efeitos positivos nas exportações do setor agropecuário. Quanto às importações, revisões com um viés de alta no crescimento do PIB podem estimular um aumento das compras do exterior.