A saída de Joe Biden da corrida eleitoral de 2024, anunciada no último domingo (21), trouxe uma reviravolta inesperada na política americana. Com Biden fora da disputa e apoiando a vice-presidente Kamala Harris como candidata à presidência pelo Partido Democrata, Donald Trump, fortalecido após a convenção republicana, deve agora reavaliar suas estratégias de campanha para enfrentar um novo adversário.
Desafios e Estratégias da Campanha de Trump
Por meses, Trump, de 78 anos, atacou Biden, de 81, pela idade avançada, questionando sua capacidade de servir efetivamente outro mandato. No entanto, com Harris, de 59 anos, na liderança da chapa democrata, esse argumento perde força. A presença de Harris, ou de qualquer outro democrata mais jovem, reverte o discurso de Trump e impõe novos desafios.
A campanha de Trump também enfrenta o risco de perder apoio entre eleitores jovens e de cor, segmentos onde ele vinha ganhando terreno. Uma das estratégias que os aliados de Trump planejam utilizar contra Harris é pintá-la como menos simpática, o que pode alienar eleitores suburbanos e negros, setores importantes para a eleição.
Riscos de Ataques Polêmicos
Historicamente, Trump tem usado apelidos depreciativos contra seus oponentes, incluindo mulheres. Exemplos notórios são os apelidos “Pocahontas” para a senadora Elizabeth Warren e “cabeça de passarinho” para sua rival nas primárias republicanas, Nikki Haley. Tais ataques podem ser vistos como sexistas ou racistas, afastando eleitores-chave.
Imigração como Ponto Central
Os assessores de Trump desprezam Harris, acreditando que ela é uma candidata mais fraca do que Biden em interações diretas com eleitores. A campanha pretende explorar o papel de Harris na política de imigração da administração Biden, com Chris LaCivita, co-gerente de campanha de Trump, referindo-se a ela como “czar da fronteira”. Essa narrativa foi amplamente utilizada na Convenção Nacional Republicana, indicando que os republicanos veem isso como um ataque eficaz.
Preparação para um Confronto com Harris
Trump já antecipava a possibilidade de enfrentar Harris e expressou suas opiniões em uma entrevista à Bloomberg em 9 de julho, poucos dias antes de um atentado contra ele em um comício na Pensilvânia. Trump afirmou que não via muita diferença entre competir contra Harris ou Biden, sugerindo que ambos têm o mesmo nível de competência.
Pesquisas recentes indicam Harris atrás de Trump, tanto nacionalmente quanto em estados-chave. No entanto, estrategistas políticos alertam que essas pesquisas podem não ser indicativas do resultado final, especialmente se Harris for oficialmente nomeada candidata democrata na convenção do partido, marcada para 19 de agosto em Chicago.
Opinião de Analistas
David Axelrod, ex-assessor da Casa Branca, afirmou que a saída de Biden mudou dramaticamente o cenário eleitoral. Axelrod acredita que Trump é um candidato vulnerável que pode ser derrotado, destacando a necessidade de uma rápida adaptação por parte dos democratas.
Planejamento de Contingência e Possíveis Adversários
Após o debate desastroso de Biden, os assessores de Trump inicialmente argumentaram que Biden tinha garantido quase todos os delegados democratas durante as primárias e que seria legalmente complicado transferi-los para outro candidato. Com a decisão de Biden, o foco agora é ajustar as estratégias para enfrentar Harris ou outro potencial democrata.
Dois assessores de Trump mencionaram Michelle Obama como a candidata mais difícil de vencer, embora não haja indicações de que ela deseje concorrer. A ex-primeira-dama tem repetidamente descartado qualquer interesse em uma carreira política.
O Enigma do Vice-Presidente Democrata
A escolha do vice-presidente democrata também permanece incerta, complicando a preparação para o debate de JD Vance, senador de Ohio e companheiro de chapa de Trump. O governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, é frequentemente mencionado como possível vice de Harris, o que poderia dificultar a vitória de Trump naquele estado-chave, mas não necessariamente tirar a Pensilvânia do alcance republicano.
Tempo e Unidade Democrata
Os democratas enfrentam um desafio significativo para se unirem em torno de um novo candidato e arrecadar fundos antes que a votação antecipada comece em alguns estados. Essa pressão temporal pode favorecer os republicanos, que já têm suas estratégias mais definidas.
A decisão de Joe Biden de se retirar da corrida eleitoral e apoiar Kamala Harris trouxe novos desafios e dinâmicas para a campanha de Donald Trump. Com novas estratégias em jogo e potenciais adversários emergindo, a eleição de 2024 promete ser uma das mais imprevisíveis e disputadas dos últimos tempos.