Trump declara o fim da guerra em Gaza e anuncia início da reconstrução da região
Em um anúncio histórico, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira (13) o fim oficial da guerra em Gaza, após a libertação dos últimos reféns israelenses e a troca por detentos palestinos. O cessar-fogo, mediado com apoio do Egito, Catar e Turquia, encerra um conflito que devastou a Faixa de Gaza por dois anos e deixou mais de 68 mil mortos, segundo autoridades locais.
A medida representa o maior avanço diplomático na região desde os Acordos de Abraão, firmados em 2020, e marca um novo ponto de inflexão nas relações entre Israel, Palestina e seus mediadores internacionais.
O acordo que encerrou o conflito em Gaza
O acordo de cessar-fogo prevê a libertação de todos os reféns israelenses que ainda estavam em poder do Hamas — 20 deles ainda vivos — e o retorno de cerca de 2 mil prisioneiros palestinos detidos por Israel. A operação foi acompanhada pela Cruz Vermelha Internacional, que confirmou a entrega dos reféns e o repatriamento dos detidos, em meio a cenas emocionantes tanto em Tel Aviv quanto em Gaza.
Nas ruas israelenses, a população se reuniu na Praça dos Reféns, em Tel Aviv, onde familiares e cidadãos celebraram o retorno dos sequestrados. Do outro lado, em Gaza, centenas de palestinos receberam de volta seus parentes, com choro, orações e bandeiras erguidas em meio à destruição deixada pela guerra.
Trump classificou o momento como “o nascer de uma nova era de paz na Terra Santa”, destacando que os Estados Unidos “não mediram esforços para restaurar a estabilidade no Oriente Médio”.
Cúpula internacional e início da reconstrução
Logo após o anúncio, Trump participou de uma cúpula internacional em Sharm el-Sheikh, no Egito, ao lado do presidente Abdel Fattah al-Sisi, do emir do Catar e do presidente da Turquia. O encontro reuniu mais de 20 líderes globais para discutir o futuro político, econômico e humanitário da Faixa de Gaza.
Na ocasião, Trump assinou, junto aos líderes muçulmanos e europeus, um documento de cooperação para reconstrução e governança da região. O texto prevê uma aliança internacional para administrar a ajuda humanitária, reerguer a infraestrutura destruída e promover um novo modelo político que evite o retorno das hostilidades.
“Agora começa a reconstrução. É o momento de curar, reconstruir e garantir que Gaza nunca mais volte a ser um campo de batalha”, afirmou Trump, em discurso transmitido ao vivo pela rede americana Fox News.
Desafios da reconstrução e o papel da Autoridade Palestina
Entre os pontos mais complexos do pós-guerra está a governança de Gaza. Israel não aceita a permanência do Hamas no poder, enquanto a Autoridade Palestina, liderada por Mahmoud Abbas, tenta reassumir o controle político e administrativo da região. A proposta discutida na cúpula envolve uma administração provisória internacional, supervisionada por organismos da ONU e apoiada financeiramente por países do Golfo.
Trump destacou que os EUA pretendem liderar o fundo de reconstrução, estimado inicialmente em US$ 50 bilhões, com foco em energia, infraestrutura hospitalar, educação e segurança. O plano prevê a criação de uma nova força de segurança regional composta por contingentes árabes e apoio logístico da OTAN.
A medida é vista por analistas como a tentativa mais ambiciosa de reconfigurar o equilíbrio geopolítico do Oriente Médio desde a invasão do Iraque, em 2003.
Repercussão internacional: cautela e esperança
A comunidade internacional recebeu o anúncio com cautela e otimismo moderado. A ONU elogiou o cessar-fogo, mas alertou que “a paz só será sustentável se acompanhada de reconstrução econômica e diálogo político permanente”. A União Europeia, por sua vez, anunciou que enviará uma delegação para auxiliar na transição humanitária e na fiscalização dos recursos destinados à reconstrução.
Em Washington, o Senado americano aprovou uma resolução de apoio ao acordo de paz, destacando o papel de mediação dos EUA. Líderes republicanos e democratas elogiaram a iniciativa de Trump, embora tenham ressaltado que “a estabilidade depende de compromissos mútuos e do respeito aos direitos humanos”.
O Egito, um dos principais articuladores do acordo, reforçou seu compromisso de garantir a entrada de ajuda humanitária e de controlar o fluxo de armas na fronteira de Rafah. Já o Catar prometeu continuar mediando as conversas entre facções palestinas, visando consolidar uma nova estrutura política unificada para Gaza.
Os obstáculos que ainda restam
Apesar do clima de comemoração, diversos obstáculos ainda ameaçam a consolidação da paz. As autoridades israelenses confirmaram que 26 reféns permanecem mortos em território palestino e outros dois continuam desaparecidos. A recuperação dos corpos depende da colaboração do Hamas, que afirma não ter informações completas sobre todos os locais de sepultamento.
Outro desafio urgente é o colapso humanitário em Gaza. Segundo o chefe de ajuda da ONU, Tom Fletcher, mais de 1,2 milhão de pessoas enfrentam escassez severa de alimentos e abrigo. A ONU pretende coordenar um corredor humanitário emergencial para envio de combustível, medicamentos e suprimentos básicos.
Enquanto isso, tensões persistem na Cisjordânia, onde assentamentos israelenses continuam a se expandir em áreas reivindicadas pelos palestinos. Relatórios do Banco Mundial apontam que a economia palestina está em colapso, com desemprego acima de 50% e infraestrutura pública em ruínas.
O papel do Hamas após o cessar-fogo
A ausência do Hamas na cúpula do Egito foi interpretada como sinal de isolamento político. Após a retirada parcial das tropas israelenses, combatentes do grupo iniciaram uma operação interna em Gaza, reprimindo rivais e impondo controle sobre áreas-chave da Cidade de Gaza. Fontes palestinas confirmaram que 32 membros de um grupo rival foram mortos durante confrontos.
Trump e líderes árabes afirmaram que o futuro do Hamas dependerá de sua disposição em se desarmar e integrar um processo político pacífico. Israel, por sua vez, exige garantias de que o grupo não voltará a se rearmar ou controlar rotas de contrabando de armas.
Impactos econômicos e geopolíticos globais
O fim da guerra em Gaza tem impacto direto nas cadeias de energia e no comércio internacional. Desde o início do conflito, o preço do barril de petróleo subiu mais de 25%, refletindo o risco geopolítico na região. Com o cessar-fogo, o mercado reagiu positivamente: o petróleo tipo Brent recuou para US$ 84,20, enquanto o ouro e o dólar registraram leve queda.
Analistas avaliam que a trégua pode estimular novos acordos regionais de investimento, especialmente em infraestrutura e energia renovável, áreas em que o Egito, Israel e a Arábia Saudita já demonstraram interesse em cooperar.
No cenário diplomático, a liderança americana volta a ser testada. A Casa Branca aposta que o sucesso da trégua consolidará o legado de Trump como o “articulador de uma nova paz no Oriente Médio”, embora críticos apontem que o acordo é frágil e depende da boa vontade de atores historicamente rivais.
A reconstrução de Gaza: próximos passos
O plano de reconstrução prevê a criação do “Fundo Internacional de Gaza”, administrado por uma coalizão de países e supervisionado pelo Banco Mundial. A primeira fase destinará US$ 15 bilhões à reconstrução de moradias, hospitais, estradas e redes de energia. Projetos de microcrédito e incentivo ao empreendedorismo também estão previstos, com foco em jovens e mulheres.
Além da reconstrução física, o acordo inclui programas de reconciliação social e religiosa, sob supervisão de líderes comunitários e religiosos de ambas as partes. Organizações civis e humanitárias terão papel central em promover o diálogo e reduzir a hostilidade entre israelenses e palestinos.
Uma nova página na história do Oriente Médio
Após décadas de violência e ciclos de retaliação, o anúncio do fim da guerra em Gaza simboliza uma rara oportunidade para reescrever a história da região. Embora a paz definitiva ainda dependa de acordos mais amplos, o cessar-fogo é visto como o primeiro passo concreto rumo à estabilidade.
Trump encerrou a cúpula afirmando que “a verdadeira vitória não está em armas, mas em acordos que durem gerações”. O mundo agora observa se essa promessa será cumprida — e se Gaza conseguirá, enfim, sair das ruínas para construir um novo futuro.






