O Ministério da Saúde brasileiro está intensificando os esforços para conter a expansão da epidemia de dengue no país, iniciando a distribuição de vacinas contra a doença nesta semana. A medida visa atender a 521 municípios selecionados devido à alta incidência da enfermidade, que registrou um aumento alarmante nos últimos meses.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, janeiro deste ano contabilizou 243,7 mil casos de dengue no Brasil, representando um aumento de 3,7 vezes em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse significativo aumento é atribuído não apenas às condições climáticas favoráveis, como chuvas e o fenômeno El Niño, mas também ao impacto do aquecimento global.
O infectologista Celso Granato, professor da Unifesp e diretor clínico do Grupo Fleury, ressalta que o aquecimento global tem contribuído para o aumento expressivo de casos não apenas no Brasil, mas em regiões antes não afetadas, como França, Espanha, Estados Unidos e Argentina. Locais tradicionalmente mais frios, como Paraná e Rio Grande do Sul, também enfrentam um aumento inesperado nos casos.
Granato alerta sobre o agravamento de doenças tropicais, incluindo dengue, chikungunya e zika, devido ao fortalecimento do mosquito transmissor, que também pode disseminar outras enfermidades como febre amarela e malária. Ele destaca a importância de políticas públicas preventivas para lidar com esses desafios emergentes.
Na última sexta-feira, os estados de Minas Gerais e o Rio de Janeiro declararam estado de epidemia de dengue, evidenciando a gravidade da situação. A primeira fase do programa de imunização contra a dengue abrange crianças de 10 a 14 anos, grupo mais afetado pela doença. No entanto, a quantidade de vacinas adquiridas (1,4 milhão de doses) não é suficiente para atender à demanda gerada pelo elevado número de casos no país.
Embora a vacinação seja um passo importante, especialistas destacam a necessidade de abordagens abrangentes, incluindo medidas de controle do mosquito vetor e conscientização pública. A busca por soluções eficazes torna-se ainda mais crucial diante das projeções da chegada da vacina do Butantã apenas em 2025.
Os hospitais, laboratórios e empresas do setor de diagnósticos relatam um aumento significativo na demanda por testes de dengue, refletindo a escalada dos casos. A situação é especialmente crítica no Rio de Janeiro, onde o número de casos nos primeiros 20 dias de janeiro superou todo o volume registrado em 2023.
O país enfrenta um desafio crescente para conter a disseminação da dengue, com a necessidade urgente de medidas eficazes para proteger a saúde da população.