Após um período de cinco meses sem crescimento, as vendas do segmento de “outros artigos de uso pessoal e doméstico” registraram um aumento significativo de 8,4% em julho, em comparação com o mês anterior, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Este segmento engloba diversas categorias de produtos, incluindo lojas de departamentos, e desempenha um papel fundamental no cenário do comércio varejista. Em julho, ele se destacou como a segunda maior influência para o aumento de 0,7% no comércio restrito em relação a junho, ficando atrás apenas do segmento de “equipamentos e material para escritório informática e comunicação”, que apresentou um crescimento ainda mais expressivo de 11,7%.
Segundo Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, a expansão observada em julho pode ser atribuída a dois fatores principais: uma base de comparação baixa e promoções agressivas realizadas pelo segmento para atrair os consumidores.
No entanto, vale ressaltar que o setor vinha enfrentando um desempenho negativo nos meses anteriores, sendo influenciado pela crise contábil que afetou grandes cadeias de varejo. Cristiano Santos fez referência a esse cenário, embora não tenha citado nominalmente a Lojas Americanas, uma das empresas afetadas pelo escândalo contábil.
O segmento de “outros artigos de uso pessoal e doméstico” havia registrado quedas nas vendas consecutivas nos quatro meses anteriores: fevereiro (-2,4%), março (-2,2%), abril (-1,7%) e maio (-3,2%). Em junho, apresentou uma variação mínima de 0,1%, que foi classificada como estabilidade.
Cristiano Santos explicou que a recuperação das vendas em julho se deve, em parte, a uma base de comparação baixa, mas também ao impacto das promoções intensas realizadas pelo setor. Algumas grandes redes de varejo optaram por antecipar ofertas semelhantes às da Black Friday. Embora tenha sido uma estratégia específica e focada, demonstrou ser suficiente para reverter a tendência de queda nas vendas.
Apesar desse salto nas vendas em julho, o segmento de “outros artigos de uso pessoal e doméstico” ainda acumula uma retração significativa de 12,5% no resultado do ano de 2023 e uma queda de 11,1% no resultado dos últimos 12 meses até julho.
A recuperação desse setor é um indicativo importante para o cenário do comércio varejista, uma vez que reflete não apenas a retomada do consumo, mas também a capacidade de adaptação das empresas diante de desafios econômicos e contábeis. Com promoções atrativas e estratégias eficazes, as lojas desse segmento demonstraram sua resiliência e a habilidade de se ajustar às condições do mercado, oferecendo aos consumidores uma experiência de compra positiva e impulsionando o crescimento do comércio no país.