Lula critica ausência de líderes mundiais na COP30 e defende investimento no clima em vez de guerras
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu oficialmente, nesta segunda-feira (10), a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA), com um discurso marcado por críticas contundentes à ausência dos líderes das maiores potências militares do planeta. Segundo Lula, os “homens que fazem guerra” — em referência a Estados Unidos, China e Rússia — deveriam estar presentes para compreender que investir em sustentabilidade é mais barato e eficaz do que financiar conflitos armados.
O evento, que se estende até 21 de novembro, é considerado um dos maiores desafios logísticos já enfrentados pelo Brasil em conferências internacionais. Ao mesmo tempo, a realização da COP30 na Amazônia simboliza um marco político e ambiental: a tentativa de colocar o Brasil no centro do debate global sobre o futuro climático do planeta.
Lula na COP30: crítica à ausência das potências militares
Durante o discurso de abertura da COP30, o presidente Lula destacou a incoerência das principais potências mundiais ao gastar trilhões em armamentos, enquanto destinam recursos insuficientes para frear as mudanças climáticas.
De acordo com ele, a humanidade enfrenta um paradoxo: enquanto as nações mais ricas investem US$ 2,7 trilhões em guerras, os US$ 1,3 trilhão necessários para conter o colapso climático seguem distantes de serem mobilizados. A ausência dos Estados Unidos (US$ 997 bilhões em gastos militares), da China (US$ 314 bilhões) e da Rússia (US$ 149 bilhões) na conferência foi vista pelo governo brasileiro como um sinal de descompromisso com o debate climático global.
O presidente ressaltou que “os homens que fazem guerra” deveriam estar em Belém para compreender a urgência de uma política ambiental responsável, capaz de unir o mundo em torno da sobrevivência coletiva.
Amazônia no centro do mundo: Belém como símbolo político e ambiental
Ao escolher Belém como sede da COP30, o governo brasileiro buscou ressignificar o papel da Amazônia no debate climático internacional. A floresta, historicamente tratada como território de exploração e conflito, agora se transforma em palco global de decisões sobre o futuro do planeta.
Para Lula, realizar a conferência na região amazônica é um ato político e simbólico, que demonstra o compromisso do Brasil com o desenvolvimento sustentável e a inclusão das populações locais nas políticas ambientais.
No entanto, o presidente reconheceu que a infraestrutura precária de Belém representa um grande desafio logístico, exigindo um esforço conjunto entre os governos federal, estadual e municipal. Segundo Lula, sediar a COP30 é uma prova de que o Brasil é capaz de realizar eventos globais de grande porte mesmo em regiões historicamente negligenciadas.
Os bastidores da organização da COP30 em Belém
A escolha de Belém do Pará para sediar a COP30 foi celebrada internacionalmente, mas também gerou críticas e questionamentos sobre a capacidade da cidade em receber milhares de delegações estrangeiras.
Desde o anúncio oficial, o governo federal tem investido em melhorias urbanas, transporte público, segurança e comunicação digital para adequar a capital paraense às exigências da ONU. Obras de mobilidade urbana, saneamento e energia limpa estão em andamento, com o objetivo de transformar a cidade em referência sustentável na Amazônia.
Segundo interlocutores do governo, a realização da conferência é também uma resposta política à pressão internacional por resultados concretos após a retomada do protagonismo brasileiro nas pautas ambientais.
O discurso de Lula e a geopolítica do clima
Ao discursar na abertura da COP30, Lula buscou reposicionar o Brasil como liderança do Sul Global no enfrentamento à crise climática. A fala do presidente teve tom diplomático e provocativo, cobrando dos países desenvolvidos o cumprimento dos compromissos firmados nos Acordos de Paris e em outras conferências climáticas.
O líder brasileiro afirmou que “o planeta não aguenta mais discursos vazios” e que é necessário agir com coragem política para transformar as metas ambientais em ações concretas.
A retórica de Lula reflete uma estratégia diplomática ambiciosa: consolidar o Brasil como mediador entre as potências do Norte e as economias emergentes do Sul. Essa posição, segundo especialistas, pode colocar o país em um papel de destaque nas negociações multilaterais sobre financiamento verde e preservação ambiental.
Ausência das grandes potências militares e o impacto simbólico
A ausência dos líderes dos Estados Unidos, China e Rússia na COP30 não passou despercebida. As três nações concentram os maiores gastos militares do planeta, mas também figuram entre as que mais emitem gases de efeito estufa (GEE).
A ausência dos mandatários dessas potências foi interpretada por diplomatas brasileiros como um obstáculo à cooperação global. Para o governo, o combate à crise climática não pode avançar sem o comprometimento efetivo das maiores economias e principais emissores de carbono.
Lula, ao mencionar diretamente o contraste entre os gastos com guerra e o investimento climático, reforçou o discurso pacifista e ambientalista que tem caracterizado sua gestão no cenário internacional.
Belém como símbolo de desafio e superação
Durante o evento, Lula reconheceu as limitações estruturais de Belém, mas destacou que o simbolismo de realizar a COP na Amazônia supera as dificuldades logísticas.
Segundo o presidente, escolher Belém foi um ato de coragem política:
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“Fazer a COP aqui é tão desafiador quanto acabar com a poluição no planeta”, afirmou.
ele enfatizou que o compromisso com a sustentabilidade e a inclusão social deve guiar as decisões globais, mesmo que isso exija enfrentar realidades complexas e desiguais.
O governo federal aposta que a conferência deixará um legado duradouro para a região, impulsionando investimentos em infraestrutura, turismo sustentável e inovação tecnológica.
A COP30 como vitrine internacional do Brasil
A COP30 é vista pelo Palácio do Planalto como a principal vitrine internacional do governo Lula em 2025. A realização da conferência na Amazônia reforça a narrativa de que o Brasil voltou a ser referência mundial em políticas ambientais e de combate ao desmatamento.
Nos últimos anos, o país registrou redução significativa nas taxas de desmatamento da Amazônia Legal, um resultado que o governo pretende apresentar como prova de compromisso com os objetivos climáticos globais.
Além disso, a conferência abre espaço para o Brasil atrair investimentos estrangeiros em energia limpa, bioeconomia e reflorestamento, setores considerados estratégicos para a nova economia verde.
A COP30 e os desafios da transição verde
Entre os principais temas em debate na COP30, estão o financiamento climático, a transição energética justa e o comprometimento dos países ricos com o Fundo Verde para o Clima.
O Brasil pretende defender a criação de um mecanismo global de compensação financeira para países que preservam biomas estratégicos, como a Amazônia. A proposta visa transformar a conservação ambiental em ativo econômico, incentivando governos e empresas a reduzir emissões e investir em sustentabilidade.
Para Lula, a transição verde deve ser inclusiva e socialmente justa. Isso significa que o desenvolvimento sustentável precisa gerar emprego, renda e oportunidades para as populações que vivem nas regiões de floresta.
Lula e a liderança ambiental do Brasil
O discurso de Lula na COP30 consolida a estratégia de reposicionar o Brasil como liderança ambiental global. Desde o início de seu mandato, o presidente tem apostado em uma diplomacia climática ativa, participando de fóruns internacionais e pressionando as grandes potências por mais responsabilidade ambiental.
O governo brasileiro também busca articular alianças regionais, como a Cúpula da Amazônia, que reuniu países vizinhos em torno de uma agenda comum de proteção da floresta e combate ao desmatamento ilegal.
Com a COP30, Lula reforça sua imagem de líder global do clima, defendendo que o futuro do planeta passa pela preservação da Amazônia e pela cooperação entre as nações.
Um chamado global à responsabilidade
O discurso de Lula na COP30 é, ao mesmo tempo, um apelo político e moral. Ao questionar a ausência dos líderes das potências militares, o presidente provoca uma reflexão sobre as prioridades da humanidade: enquanto bilhões de dólares são gastos em armas e guerras, o planeta se aproxima de pontos irreversíveis de destruição ambiental.
Ao sediar a COP30 na Amazônia, o Brasil assume um papel histórico: mostrar que o combate às mudanças climáticas exige coragem, investimento e solidariedade global.
Com a conferência em Belém, Lula transforma o coração da floresta em centro das decisões sobre o futuro climático do planeta, reafirmando o compromisso brasileiro com a vida, a paz e a sustentabilidade.






