Uma questão técnica, rumores sobre diluição, mas também expectativa de alguma notícia que mude efetivamente os rumos da empresa. Esse é o pano de fundo do movimento da ação do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), que acumula em 2024 até agora a maior alta do Ibovespa, com quase 13%.
Enquanto o debate no curto prazo é se a empresa vai passar por um aumento de capital, a preocupação de analistas ainda é a contínua queima de caixa e o risco de derrubar por terra a recente melhora nos indicadores de endividamento após a venda de ativos.
Nos últimos dias, investidores têm reagido a especulações sobre um aumento de capital do Pão de Açúcar e um possível adiamento da operação. A reunião marcada para a próxima segunda-feira (22) deve ser crucial para abordar essas questões e dissipar a incerteza que envolve o futuro da empresa.
A expectativa é por uma proposta de forte alteração, passando dos 400 milhões de ações ordinárias atuais para até 800 milhões. O mercado reflete esse cenário com posições de Investidores apostando na queda de PCAR3, gerando um fenômeno conhecido como ‘short squeeze’, conforme explica Marco Saravalle, analista e sócio-fundador da Sara Invest.
A empresa busca reduzir seu endividamento de forma estrutural após a venda de ativos em 2023, que resultou na maior redução nominal de sua dívida total entre o segundo e o terceiro trimestre daquele ano. No entanto, especialistas alertam que a venda de ativos é uma solução temporária, e a empresa precisa encontrar uma maneira de voltar a operar com lucro.
Apesar da redução do endividamento, o Pão de Açúcar apresentou prejuízo líquido consolidado no terceiro trimestre de 2023, destacando a necessidade de medidas mais efetivas para reverter a situação financeira. A relação entre a geração de caixa e a dívida do GPA também sinaliza desafios, com resultados acima do setor.
O possível aumento de capital levanta questões sobre a composição da diretoria e a participação do controlador, o Casino. Analistas sugerem que essa movimentação pode representar uma virada de jogo para os resultados futuros da companhia, mas a incerteza persiste.
Mesmo diante das incertezas, alguns analistas vislumbram perspectivas positivas para o GPA, destacando a expectativa de recuperação do varejo e a possível melhora na margem bruta da empresa. No entanto, a pressão do endividamento ainda é um fator crítico a ser enfrentado.
O mercado permanece cauteloso em relação ao Pão de Açúcar, aguardando os desdobramentos da reunião e as decisões estratégicas que moldarão o futuro da empresa.