O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) anunciou hoje que pelo menos 50 locais de votação em regiões controladas pela milícia na zona oeste do Rio de Janeiro serão alterados, como parte de uma iniciativa para garantir a integridade das eleições municipais deste ano. A medida visa evitar a influência de milicianos nas eleições, uma preocupação que tem sido crescente diante das interferências registradas em pleitos passados.
A informação foi confirmada à Folha de S.Paulo nesta sexta-feira (26), e, de acordo com o TRE, os novos locais de votação ainda não foram divulgados. As regras para alocar os eleitores permanecerão as mesmas, incluindo a proximidade da área de abrangência onde o eleitor está inscrito.
Essa decisão do TRE é embasada em dados de inteligência das polícias federal, rodoviária, civil e militar, além da Guarda Municipal e dos Ministérios Públicos federal e estadual. Um grupo criado pelo TRE durante as eleições de 2022 identificou 50 pontos de interferência de milicianos, agindo para coagir eleitores a votar em candidatos pré-definidos.
Juízes de diversas áreas também atuarão pessoalmente nas zonas eleitorais, numa tentativa de organizar e garantir a segurança do processo eleitoral, evitando interferências criminosas. O gabinete de inteligência, recentemente reativado, continua a estudar mais regiões e a analisar medidas contra fake news, além de monitorar candidatos com ficha suja.
Um estudo do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ divulgado em novembro passado destacou a forte influência das milícias nas eleições de 2022 no Rio de Janeiro. O levantamento revelou que 14,8% dos eleitores estavam cadastrados para votar em locais de votação situados em territórios controlados por milicianos, indicando um “efeito milícia” sobre os resultados eleitorais.
A zona oeste do Rio de Janeiro tem enfrentado conflitos intensificados há mais de um ano, devido à disputa pelo controle da região. Os confrontos aumentaram após a prisão do miliciano Luis Antonio da Silva Braga, conhecido como Zinho, em dezembro passado. A região também tem sido alvo de invasões do Comando Vermelho, buscando expandir pontos de venda de drogas, e recentemente, membros do Terceiro Comando Puro se uniram aos milicianos para expulsar invasores de outra facção.
Essas medidas buscam assegurar um processo eleitoral justo e livre de influências criminosas, promovendo a democracia e a participação cidadã nas eleições municipais deste ano.