O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está atento ao processo de sucessão na Vale e espera que o próximo CEO da empresa mantenha relações mais próximas com as autoridades do poder Executivo e reguladores. Apesar das turbulências recentes relacionadas à tentativa de influência no plano de sucessão da empresa, o governo espera um novo líder que possa fortalecer os laços com estados, municípios, reguladores e a sociedade brasileira.
Em entrevista concedida no escritório da Bloomberg em Roma, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, enfatizou a importância desse estreitamento de relações. Ele destacou que esse será um avanço significativo e que o governo exigirá isso com vigor.
O conselho da Vale tem como prazo até 3 de dezembro para anunciar o novo CEO, durante o Investor Day da empresa. A busca pelo sucessor de Eduardo Bartolomeo, mantido no cargo de presidente interino, tem sido marcada por uma série de desafios e pressões, especialmente do governo brasileiro, evidenciando sua influência no setor de mineração.
Embora Bartolomeo tenha sido reconhecido pelo mercado por sua liderança em segurança, implementando um plano para eliminar barragens de rejeitos de alto risco, investidores têm expressado preocupações com o desempenho operacional e a necessidade de melhores relações institucionais com o governo federal e os estados.
O ministro Silveira criticou o atraso no plano de sucessão da Vale, destacando que uma mudança de gestão mais rápida poderia ajudar a resolver questões pendentes da empresa com o Brasil. Além disso, adiantou que o governo brasileiro rejeitaria a nova proposta apresentada pela Vale, BHP e Samarco para um acordo final sobre a tragédia de Mariana, em 2015.
Silveira, atualmente em Roma, teve uma reunião privada com o Papa Francisco para discutir questões de transição energética e combate à desigualdade. O Brasil assumiu a liderança do G-20 em 2024 e sediará a cúpula do clima COP30 em 2025, o que ressalta a importância dessas discussões para o país e para o mundo.