Bolsas globais sobem com retomada das negociações comerciais EUA-China
Acordo entre potências pode aliviar tensões e impulsionar mercados
As bolsas globais operam em alta nesta quarta-feira (7), impulsionadas pela confirmação de que Estados Unidos e China retomarão as negociações comerciais neste fim de semana. O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, e o representante de Comércio, Jamieson Greer, se reunirão na Suíça com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, marcando uma nova fase no diálogo entre as duas maiores economias do mundo.
Contexto das negociações
A retomada das tratativas ocorre após um período de escalada tarifária iniciado pela administração do ex-presidente Donald Trump, que impôs tarifas de até 145% sobre produtos chineses. Em resposta, a China aplicou tarifas de até 125% sobre produtos dos EUA. A reunião em Genebra é vista como um passo inicial para aliviar as tensões comerciais que têm impactado negativamente os mercados globais.
Desde então, as relações comerciais entre os dois países seguiram tensas, mesmo com tentativas esporádicas de diálogo durante a administração Biden. O atual governo norte-americano manteve a maior parte das tarifas impostas por Trump, alegando que elas são uma forma de pressão para forçar mudanças estruturais no modelo econômico chinês, especialmente no que diz respeito a propriedade intelectual, subsídios industriais e transferências tecnológicas forçadas.
Expectativas para as reuniões
Embora não se espere um acordo abrangente imediato, as negociações são consideradas um sinal positivo de reengajamento entre as duas potências. Analistas apontam que um eventual acordo final pode levar meses e exigir negociações diretas entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping.
Fontes diplomáticas afirmam que a reunião deste fim de semana terá como foco a definição de um roteiro para a retirada gradual de tarifas, bem como medidas de segurança econômica e garantias de cumprimento de compromissos comerciais anteriores. Há ainda a expectativa de que temas como investimentos estrangeiros, controle de exportações de semicondutores e cooperação em inteligência artificial estejam na pauta.
Reações dos mercados
Nos Estados Unidos, os futuros das bolsas de Nova York registram alta na manhã desta quarta-feira, refletindo o otimismo em torno das negociações comerciais. O Dow Jones Futuro sobe 0,46%, o S&P 500 Futuro avança 0,48% e o Nasdaq Futuro ganha 0,52%.
Na Ásia, os mercados encerraram o pregão em alta, impulsionados pelas medidas anunciadas pelo banco central chinês para estimular a economia. O Shanghai SE subiu 0,80%, o Hang Seng Index avançou 0,13% e o Kospi ganhou 0,55%. O Nikkei, no entanto, recuou 0,14%.
Na Europa, os principais índices operam de forma mista. O DAX da Alemanha sobe 0,17%, enquanto o FTSE 100 do Reino Unido recua 0,30% e o CAC 40 da França cai 0,40%.
Decisões de política monetária
Além das negociações comerciais, os investidores aguardam as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed) nos EUA e do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil, previstas para esta quarta-feira.
Nos EUA, a expectativa é de que o Fed mantenha os juros inalterados, com o presidente Jerome Powell realizando uma coletiva de imprensa às 15h30 (horário de Brasília). O foco do mercado estará nas sinalizações futuras sobre cortes de juros ainda neste ano.
No Brasil, o mercado projeta um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa Selic. A decisão do Copom será divulgada às 18h30. Além disso, serão conhecidos os dados da produção industrial de março e o balanço financeiro do Bradesco.
Perspectivas para o comércio global
A retomada das negociações comerciais entre EUA e China é vista como uma oportunidade para revisar as tarifas punitivas implementadas anteriormente e buscar soluções mes m\u00futuas por meio de diálogo em condições de igualdade. O Ministério do Comércio chinês enfatizou a necessidade de “sinceridade nas negociações” por parte dos EUA.
Especialistas apontam que, embora a guerra comercial tenha prejudicado setores importantes em ambos os países, também serviu para reconfigurar cadeias globais de suprimentos e acelerar estratégias de diversificação, como o movimento de “friendshoring” e a busca por parceiros comerciais alternativos.
Impactos esperados em setores específicos
Um eventual acordo comercial mais amplo pode beneficiar setores específicos da economia global. A indústria de tecnologia, por exemplo, espera um afrouxamento nas restrições de exportação de semicondutores, enquanto o setor agrícola dos EUA deseja maior acesso ao mercado consumidor chinês. Por outro lado, a China pode buscar garantias quanto à segurança dos seus investimentos nos EUA, especialmente em startups e empresas de tecnologia.
A confirmação das negociações comerciais entre EUA e China traz alívio aos mercados globais, que operam em alta nesta quarta-feira. A expectativa é de que o diálogo entre as duas potências possa levar a uma redução das tensões comerciais e impulsionar o crescimento econômico global. O mundo agora observa com atenção os desdobramentos em Genebra, na esperança de um novo capítulo de cooperação entre as duas maiores economias do planeta.