Os empréstimos bancários destinados a empresas na zona do euro apresentaram uma queda de 0,3% em outubro, conforme revelam dados divulgados pelo Banco Central Europeu (BCE) nesta terça-feira (28). Essa contração representa a primeira registrada desde julho de 2015 e é atribuída principalmente a países do sul europeu, de acordo com análises do BCE.
Essa redução ocorre após uma expansão modesta de 0,2% em setembro, destacando uma tendência de estagnação ao longo do ano. A situação se reflete também nos empréstimos concedidos a famílias, que desaceleraram de 0,8% em setembro para 0,6% em outubro, atingindo o menor nível desde 2015.
Bert Colijn, economista-sênior da zona do euro no banco suíço ING, observa que os dados sobre empréstimos bancários confirmam o impacto evidente do aperto monetário promovido pelo BCE na economia da região. Ele destaca que, embora essa queda represente um resfriamento claro nos empréstimos devido às taxas de juros elevadas, a estabilidade ao longo do ano sugere que não há um evento dramático iminente no setor de crédito bancário, mas sim uma tendência de estagnação.
Colijn sugere que o BCE estará satisfeito em ver que o ajuste está ocorrendo de maneira controlada no momento, mas prevê que grande parte do impacto será mais perceptível em 2024.
Os dados do BCE também indicam que as disparidades nos empréstimos entre os países da zona do euro estão se acentuando. Países do sul da Europa, como Espanha, Itália e Portugal, já registram quedas nos empréstimos para empresas e famílias. Na Grécia, os empréstimos para famílias também apresentaram recuo. Em contrapartida, países do norte europeu ainda exibem crescimento ou estabilidade nos empréstimos. Colijn do ING destaca que essa divergência sugere que o impacto dos investimentos nas economias do sul europeu será mais pronunciado nos próximos trimestres em comparação com as economias do norte.