O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores (B3), inicia o mês de dezembro com uma ligeira correção, revertendo parte dos ganhos acumulados de 12,54% ao longo de novembro. O movimento reflete a desvalorização nas bolsas de Nova York, que também encerraram o mês passado com robustos ganhos. Especialistas ressaltam que a correção não indica uma reversão na tendência de alta.
Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, destaca que o cenário global experimentou uma significativa alta nas bolsas em novembro, impulsionando também o Índice Bovespa. A correção observada no início de dezembro é considerada uma reação natural a esse movimento. A curva de juros, que abre marginalmente nesta sexta-feira, é apontada como um fator negativo para o mercado de equity.
A queda do petróleo no mercado internacional, refletida na desvalorização das ações da Petrobras, também contribui para a pressão sobre o Ibovespa. Na assembleia extraordinária de acionistas da Petrobras realizada recentemente, foi aprovada uma mudança estatutária que reduz barreiras para indicações políticas em cargos de alto escalão na empresa.Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, destaca a dependência do mercado local em relação aos indicadores econômicos e às declarações do Federal Reserve. Os discursos do presidente do Fed, Jerome Powell, são acompanhados de perto, com a expectativa de que possam influenciar as decisões sobre a taxa de juros nos Estados Unidos.
A incerteza sobre o momento em que o banco central americano iniciará cortes nos juros gera apreensão, e os investidores estão atentos às nuances das falas dos dirigentes do Fed. A possível antecipação do ciclo de queda dos juros nos EUA adiciona complexidade ao cenário.
Além da correção no Ibovespa, o mercado local também enfrenta desafios como a alta dos juros futuros e a valorização do dólar em relação ao real. Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, observa que o real se destaca ao se posicionar de forma contrária a seus pares.
A discussão sobre a possibilidade de acelerar os cortes na taxa Selic e as preocupações fiscais, que permanecem em aberto no final do ano, podem estar contribuindo para esse movimento. O mercado também está atento aos debates sobre os precatórios, com o governo preparado para liberar R$ 95 bilhões por meio de uma medida provisória.
Cenário Atual do Ibovespa e Destaques do Mercado:
Às 11h36, o Ibovespa registra uma queda de 0,42%, situando-se em 126.800,98 pontos. O movimento representa uma pequena correção após atingir a máxima de 127.503,72 pontos. Destacam-se as quedas nas ações da Petrobras PN (-0,61%) e ON (-0,53%), apesar de acumularem altas significativas ao longo do ano.
Grandes bancos, como o Itaú Unibanco PN, também apresentam perdas, com queda de 1,05%, mas mantêm altas expressivas em 2023. Acompanhando esses movimentos, o dólar à vista sobe para a faixa dos R$ 4,9349, enquanto os juros futuros têm um viés de alta.
O início de dezembro traz ajustes normais no Ibovespa, refletindo uma pausa após os ganhos expressivos do mês anterior. O mercado permanece atento a fatores globais e locais, com destaque para as decisões do Federal Reserve e as dinâmicas econômicas internas. Os investidores seguem monitorando indicadores-chave e pronunciamentos oficiais que moldarão as próximas tendências do mercado brasileiro.