Ibovespa fecha em alta com Petrobras e retoma os 145 mil pontos; dólar recua com otimismo fiscal
O Ibovespa fecha em alta nesta quinta-feira (23) e volta a superar os 145 mil pontos, impulsionado principalmente pelas ações da Petrobras (PETR4) e pela recuperação de companhias do setor industrial e financeiro. O principal índice da B3 encerrou o pregão com alta de 0,59%, alcançando 145.720,98 pontos, refletindo o otimismo dos investidores diante de novos sinais de avanço na política fiscal e do bom desempenho das petrolíferas no cenário internacional.
o dólar à vista (USDBRL), por sua vez, teve queda de 0,20%, encerrando o dia cotado a R$ 5,3861, acompanhando o fluxo de entrada de capital estrangeiro e o movimento positivo nas bolsas globais.
Expectativas fiscais e discurso de Lula movimentam o mercado
No cenário doméstico, o foco dos investidores segue voltado para o novo pacote fiscal que será apresentado pelo governo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o plano será dividido em dois projetos distintos:
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Um texto voltado ao aumento de receitas, com taxação de fintechs e plataformas de apostas (bets);
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Outro direcionado ao corte e controle de gastos públicos.
A medida é vista pelo mercado como uma tentativa de recompor o equilíbrio fiscal e sinalizar comprometimento com o teto de gastos e a meta de resultado primário, o que contribui para um ambiente de menor aversão ao risco.
Outro fator que mexeu com o humor dos investidores foi o anúncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que confirmou sua intenção de disputar a reeleição em 2026, em busca de um quarto mandato. Embora a fala tenha caráter político, ela reforçou a percepção de continuidade na política econômica conduzida por Haddad, o que, no curto prazo, gerou estabilidade no mercado financeiro.
Arrecadação federal atinge recorde histórico
Entre os indicadores econômicos divulgados, o destaque foi a arrecadação do governo federal, que registrou alta real de 1,43% em setembro na comparação com o mesmo mês de 2024, totalizando R$ 216,7 bilhões, segundo dados da Receita Federal.
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, a arrecadação atingiu R$ 2,1 trilhões, representando crescimento real de 3,49% frente ao mesmo período do ano anterior — o melhor resultado da série histórica iniciada em 1995.
O desempenho positivo da arrecadação fortalece as expectativas em torno da sustentabilidade fiscal do país, especialmente diante das discussões sobre o novo arcabouço de controle de despesas e da necessidade de financiamento de programas sociais.
Petrobras e WEG lideram as altas do Ibovespa
O bom humor do mercado foi puxado principalmente pelas ações da Petrobras (PETR4; PETR3), que subiram mais de 1%, acompanhando a valorização do petróleo Brent no mercado internacional. O movimento foi impulsionado pela escalada das tensões geopolíticas no Oriente Médio e por novas sanções dos Estados Unidos à Rússia, que atingiram grandes produtoras de energia como Lukoil e Rosneft.
O cenário de oferta restrita e maior risco geopolítico tende a sustentar os preços do petróleo, beneficiando a estatal brasileira e reforçando o peso da empresa no desempenho do índice.
Outra estrela do dia foi a WEG (WEGE3), que avançou com força após a divulgação de lucro líquido de R$ 1,65 bilhão no 3º trimestre (3T25), em linha com as expectativas do mercado. O balanço positivo reafirmou o potencial de crescimento da companhia no setor industrial e de energia renovável, atraindo investidores interessados em ativos de perfil defensivo.
Já as ações da Braskem (BRKM5) também tiveram bom desempenho, liderando a recuperação entre as petroquímicas.
Magazine Luiza recua com pressão da concorrência
Na ponta oposta, Magazine Luiza (MGLU3) teve queda expressiva após o anúncio de parceria entre Casas Bahia (BHIA3) e Mercado Livre (MELI34), que promete redefinir a disputa pelo varejo digital brasileiro.
De acordo com analistas do JP Morgan e da XP Investimentos, a aliança entre as duas empresas cria uma vantagem competitiva significativa, especialmente nas categorias 1P (venda direta ao consumidor), onde a Casas Bahia poderá se beneficiar da infraestrutura logística e do alcance do Mercado Livre, líder do setor de e-commerce no país.
A percepção de exclusividade no acordo pesou sobre as ações da Magalu, que registraram perdas ao longo do pregão, refletindo preocupações com a possível redução da participação de mercado da varejista.
Bancos sem direção única e Vale realiza lucros
Entre os pesos-pesados do índice, os bancos encerraram o dia sem direção definida. Enquanto Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) oscilaram levemente em alta, Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11) tiveram pequenas perdas.
A Vale (VALE3), outro papel de forte peso no Ibovespa, realizou lucros após a alta da véspera e encerrou o pregão em leve queda, acompanhando a volatilidade dos preços do minério de ferro na China.
Expectativas com o IPCA-15
O mercado agora volta suas atenções para o IPCA-15 de outubro, que será divulgado nesta sexta-feira (24). O indicador é considerado a prévia oficial da inflação e servirá como termômetro para as próximas decisões do Banco Central sobre a taxa Selic.
Economistas projetam uma variação mensal de 0,25%, o que manteria a inflação dentro da meta e reforçaria o cenário de continuidade no ciclo de cortes de juros, ainda que em ritmo mais moderado.
Caso o resultado venha abaixo das expectativas, o mercado pode reagir positivamente, sustentando a trajetória de alta do Ibovespa nos próximos pregões.
Exterior: Wall Street em alta e otimismo global
No cenário externo, as bolsas de Wall Street encerraram o dia em alta, impulsionadas pelos resultados corporativos sólidos e pela expectativa de reunião entre Donald Trump e Xi Jinping, marcada para o dia 30 de outubro, na Coreia do Sul.
Confira o fechamento dos principais índices americanos:
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Dow Jones: +0,31%, aos 46.734 pontos
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S&P 500: +0,59%, aos 6.739 pontos
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Nasdaq: +0,88%, aos 22.942 pontos
Na Europa, o índice Stoxx 600 subiu 0,37%, encerrando no maior nível nominal da história, aos 574,43 pontos, impulsionado pelos resultados do setor de luxo.
Já na Ásia, os mercados apresentaram movimento misto: o Nikkei (Japão) caiu 1,35%, aos 48.641 pontos, enquanto o Hang Seng (Hong Kong) avançou 0,72%, para 25.967 pontos.
Perspectivas para o mercado brasileiro
O fechamento positivo do Ibovespa mostra que o mercado brasileiro segue resiliente diante de desafios fiscais e externos. Com o avanço das discussões sobre reformas econômicas, o bom desempenho de Petrobras e WEG e o otimismo com a arrecadação federal, a confiança dos investidores volta a se fortalecer.
Analistas destacam que, embora a volatilidade deva continuar no curto prazo, o movimento de recuperação pode se intensificar se o governo conseguir aprovar as medidas fiscais sem comprometer o crescimento econômico.
O patamar de 145 mil pontos volta a ser considerado um nível técnico importante para o índice, servindo como base para novas tentativas de avanço rumo aos 150 mil pontos.






