A última pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2023, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou dados intrigantes sobre a situação de jovens brasileiros entre 15 e 29 anos que não estão envolvidos em estudos ou atividades profissionais. O contingente total dessa categoria foi de 10,917 milhões em 2022, marcando uma queda significativa de 14,3% em relação a 2021, representando o menor número desde o início da série histórica em 2012.
O destaque mais marcante da pesquisa é a disparidade entre os gêneros nessa faixa etária. A parcela de mulheres nessa condição atingiu 28,9%, quase o dobro dos 15,9% registrados entre os homens. No conjunto, a média é de 22,3% dos jovens brasileiros, indicando uma diferença significativa de experiências entre os sexos.
Denise Guichard Freire, uma das analistas da pesquisa, destaca que os dados apontam para uma transição mais bem-sucedida dos homens entre escola e trabalho, atribuindo isso à dedicação mais frequente das mulheres aos cuidados domésticos e familiares. Essa observação lança luz sobre as desigualdades de gênero que persistem na sociedade brasileira, especialmente no que diz respeito às responsabilidades familiares.
O termo anteriormente conhecido como “nem-nem” para se referir a esse grupo tem sido questionado por pesquisadores devido à sua conotação pejorativa. O IBGE agora opta por usar a nomenclatura “jovens que não estudam nem estão ocupados”, enfatizando que esses jovens não estão necessariamente inativos, mas sim fora do mercado de trabalho, seja formal ou informal.
É notável que a incidência dessa condição entre as mulheres jovens pode ser ainda maior em determinadas faixas etárias. Por exemplo, entre as mulheres de 18 a 24 anos, 34,3% estão nessa situação, enquanto no grupo de 25 a 29 anos, essa taxa é de 33,8%. Esses dados sugerem a necessidade de uma análise mais aprofundada das barreiras específicas que as mulheres enfrentam ao tentar ingressar no mercado de trabalho ou prosseguir com seus estudos.
A pesquisa também aborda as razões citadas pelos jovens para não estudarem nem estarem ocupados. Entre as mulheres, o motivo mais comum é a necessidade de cuidar de afazeres domésticos ou parentes, seguido por problemas de saúde ou gravidez. Já entre os homens, a razão mais frequente é a existência de problemas de saúde.
Apesar da persistência das desigualdades de gênero, a pesquisa revela uma redução significativa do número de jovens nessa condição em ambos os sexos entre 2021 e 2022. O recuo médio foi de 14,3%, sendo mais acentuado entre os homens, com uma queda de 22%, em comparação com as mulheres, que registraram uma redução de 16%. Denise Guichard Freire relaciona esse movimento diretamente à melhoria do mercado de trabalho, indicando uma recuperação que beneficia os jovens brasileiros.
Esses dados provocam reflexões importantes sobre as estruturas sociais e econômicas do Brasil, destacando a necessidade de abordagens inclusivas e políticas públicas que visem reduzir as disparidades de gênero e criar oportunidades equitativas para todos os jovens do país.