Reforma do Imposto de Renda: Deputado Arthur Lira Mantém Alíquota Máxima de 10% para Altas Rendas e Avança Projeto na Câmara
A Reforma do Imposto de Renda avança na Câmara dos Deputados com o parecer apresentado pelo relator, deputado Arthur Lira (PP-AL), que manteve a alíquota máxima de 10% para pessoas físicas com rendimentos anuais a partir de R$ 1,2 milhão. O projeto, que está em análise na comissão especial, traz mudanças importantes que impactam diretamente a tributação sobre a renda no Brasil, especialmente para os contribuintes de alta renda.
Nesta quinta-feira, 10 de julho de 2025, o deputado Arthur Lira apresentou o parecer que será votado na comissão especial da Reforma do Imposto de Renda. O texto prevê aumento da faixa de renda beneficiada com redução parcial do IR, mudanças nas alíquotas, além da manutenção da tributação de dividendos, entre outros pontos que têm gerado debates entre parlamentares, especialistas e setores econômicos.
O que muda com o parecer do deputado Arthur Lira na Reforma do Imposto de Renda?
Uma das principais alterações do parecer do relator foi a manutenção da alíquota máxima de 10% para pessoas com rendimentos anuais superiores a R$ 1,2 milhão. Nos últimos dias, circulava a expectativa de que essa alíquota poderia ser reduzida para 8%, mas o deputado manteve o percentual, justificando que essa medida é necessária para garantir justiça tributária e neutralidade na carga tributária.
Além disso, a faixa de renda beneficiada com redução parcial do IR foi ampliada. Antes fixada em R$ 7 mil mensais, a faixa subiu para R$ 7.350 por mês, permitindo que um número maior de contribuintes tenha direito a alíquotas menores. Outra mudança importante é a extensão da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil por mês, valor maior do que o previsto no texto original da reforma.
Ampliação da isenção e faixa de renda com redução parcial
A isenção para quem recebe até R$ 5 mil mensais significa que uma parcela considerável da população estará livre do pagamento do Imposto de Renda, medida que visa aliviar a carga tributária dos contribuintes de baixa renda e incentivar o consumo. Já para aqueles que ganham entre R$ 5 mil e R$ 7.350, a reforma prevê reduções proporcionais no imposto.
Segundo o relator, o objetivo maior da reforma é promover uma tributação justa e equilibrada, respeitando o princípio da neutralidade, ou seja, sem aumentar a carga tributária sobre as classes de renda média e baixa, mas ajustando para que os mais ricos contribuam proporcionalmente mais.
Ponto a ponto das mudanças na Reforma do Imposto de Renda
Além das mudanças nas faixas de renda e alíquotas, o parecer do deputado Arthur Lira trouxe outros ajustes significativos:
1. Retirada do dispositivo sobre soma de alíquotas pessoa física + jurídica
O texto original previa que a soma da alíquota efetiva paga pela pessoa física somada à alíquota efetiva da pessoa jurídica não ultrapassasse a alíquota nominal de 34% para empresas em geral, chegando a 40% para resseguradoras e 45% para instituições financeiras. Essa regra foi retirada, o que deve resultar em aumento da arrecadação federal.
2. Uso do excedente da receita do imposto mínimo para cálculo da CBS
O relatório autoriza a União a utilizar qualquer receita excedente gerada pelo imposto mínimo – cobrado a partir de rendas anuais de R$ 600 mil com alíquota de 10% para quem ganha acima de R$ 1,2 milhão – como fonte para compensar a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). A CBS, parte da reforma tributária do consumo, substituirá cinco tributos federais a partir de 2027, simplificando a estrutura tributária.
3. Exclusão de títulos incentivados da base do imposto mínimo
O relator retirou da base de cálculo do imposto mínimo títulos como LCIs, LCAs, CRIs, CRAs, FIIs, Fiagros e outros, diminuindo a arrecadação federal proveniente do imposto mínimo. Essa exclusão contraria a recente medida provisória do governo que eliminava a isenção desses instrumentos financeiros, tornando o parecer de Lira um ponto de tensão nas discussões.
4. Tributação de dividendos mantida em 10%
O parecer manteve a tributação de 10% sobre dividendos pagos a acionistas pessoas físicas residentes no Brasil que recebam acima de R$ 50 mil por empresa. Essa alíquota marca a retomada da cobrança sobre dividendos após décadas de isenção desde a década de 1990, com o objetivo de aumentar a arrecadação e evitar distorções fiscais.
Além disso, foi mantida a cobrança de 10% sobre dividendos enviados ao exterior, com exceções para remessas a governos estrangeiros em caso de reciprocidade, fundos soberanos e entidades que administram benefícios previdenciários fora do país.
O impacto da Reforma do Imposto de Renda para contribuintes e empresas
A reforma apresenta mudanças estruturais que impactarão tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Para os contribuintes, a ampliação da faixa de isenção e a redução parcial para quem ganha até R$ 7.350 mensais podem representar alívio fiscal para a classe média e baixa, ao passo que a manutenção da alíquota máxima e do imposto mínimo reforça a tributação progressiva sobre altas rendas.
Para as empresas, a retirada do dispositivo que limitava a soma das alíquotas pessoa física e jurídica pode significar um aumento da carga tributária, especialmente para os setores financeiro e de resseguros. A manutenção da cobrança sobre dividendos também é vista como uma tentativa de modernizar o sistema tributário brasileiro e combater a concentração de renda.
Controvérsias e desafios da Reforma do IR
As exclusões na base de cálculo do imposto mínimo para títulos incentivados geraram críticas, especialmente por retirarem da tributação segmentos relevantes do mercado financeiro. A discussão sobre a tributação de dividendos, que antes era isenta, continua sendo alvo de debates intensos, pois afeta diretamente acionistas e investidores.
O projeto também enfrentará votação em plenário em agosto, com prazo para eventuais ajustes e negociações políticas. A complexidade do tema exige articulação entre os parlamentares e diálogo com o setor produtivo para evitar impactos econômicos negativos.
Próximos passos para a aprovação da Reforma do Imposto de Renda
Após a apresentação do parecer, o texto passará por pedido de vista coletiva na comissão especial, e a votação deve ocorrer na próxima semana. Caso aprovado na comissão, o projeto seguirá para votação no plenário da Câmara, prevista para agosto de 2025.
A expectativa é de que o debate se intensifique nas próximas semanas, com emendas e propostas de alteração para equilibrar interesses dos contribuintes, governo e setores econômicos. O resultado da votação será decisivo para o futuro do sistema tributário brasileiro e para a arrecadação da União.
Considerações finais sobre a Reforma do Imposto de Renda
A Reforma do Imposto de Renda proposta pelo deputado Arthur Lira mantém pontos fundamentais para promover justiça fiscal, ampliando a isenção para os contribuintes de menor renda e mantendo a tributação progressiva para os mais ricos. A combinação entre alíquotas máximas fixadas em 10%, ampliação da faixa de redução parcial e manutenção da cobrança sobre dividendos visa tornar o sistema tributário mais eficiente e equitativo.
No entanto, o projeto ainda enfrenta desafios políticos e técnicos, principalmente sobre a tributação de instrumentos financeiros incentivados e o equilíbrio da carga tributária entre pessoas físicas e jurídicas. Acompanhar a tramitação e compreender os impactos dessas mudanças é essencial para contribuintes, investidores, empresas e especialistas em finanças.






