Nubank acusa Febraban de distorcer debate sobre fintechs e defende justiça tributária no setor financeiro
O Nubank reacendeu o embate entre fintechs e bancos tradicionais ao acusar a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) de utilizar “argumentos tortuosos” em um posicionamento recente sobre tributação e competitividade no setor financeiro. A fintech, que se tornou símbolo da digitalização bancária no país, afirmou que a entidade tenta criar uma narrativa para penalizar empresas de tecnologia financeira, mesmo diante de evidências de que elas já pagam mais impostos efetivos que os grandes bancos.
De acordo com o Nubank, a nota publicada pela Febraban no início da semana reconheceu a alta tributação das fintechs, mas apresentou comparações consideradas “distorcidas”, com o objetivo de influenciar a opinião pública e o debate político sobre a carga tributária aplicada ao setor.
A instituição destacou que 58% de seus clientes foram bancarizados pela primeira vez graças às soluções digitais da empresa — um número que, segundo o banco digital, comprova o papel das fintechs na inclusão financeira e democratização do crédito no Brasil.
Nubank e Febraban: o conflito entre inovação e tradição
O embate entre o Nubank e a Febraban não é recente. Nos últimos anos, a ascensão das fintechs vem provocando mudanças profundas no sistema financeiro nacional, rompendo monopólios históricos e impondo novos padrões de concorrência aos grandes bancos.
O cerne da nova disputa é a tributação. A Febraban sustenta que as fintechs operam com vantagem tributária, alegando que a alíquota de CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) aplicada às empresas digitais é 5 a 11 pontos percentuais menor que a dos bancos tradicionais.
O Nubank, por outro lado, rebate afirmando que a comparação ignora fatores essenciais da estrutura tributária e que, na prática, sua taxa efetiva é de 34,1%, a mais alta entre as instituições financeiras listadas na B3. o banco digital argumenta que os números provam o comprometimento com o pagamento de impostos e a responsabilidade fiscal.
O posicionamento do Nubank e de Roberto Campos Neto
A discussão ganhou novos contornos após a manifestação de Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central e atual chefe global de Políticas Públicas do Nubank. Ele afirmou que as fintechs não buscam tratamento privilegiado, apenas condições justas e isonômicas para competir.
Segundo Campos Neto, o avanço tecnológico no setor bancário é resultado direto da presença das fintechs, que criaram modelos de negócio mais eficientes, reduziram custos operacionais e ampliaram o acesso ao crédito para milhões de brasileiros.
O executivo reforçou que o Nubank e outras instituições digitais têm papel essencial no combate à exclusão financeira, atuando em regiões e segmentos antes ignorados pelos grandes bancos.
A resposta da Febraban
Em sua nota, a Febraban alegou que as fintechs vêm operando com margens de lucro superiores às dos bancos convencionais, sustentando que é necessário “corrigir distorções tributárias” para equilibrar a concorrência.
A federação defende que, como as fintechs executam atividades semelhantes às das instituições tradicionais — como concessão de crédito, gestão de investimentos e emissão de cartões —, ambas deveriam estar sujeitas ao mesmo regime de tributação.
No entanto, o Nubank rebateu o argumento, destacando que os cálculos da Febraban não refletem a carga tributária real paga à Receita Federal e ignoram obrigações adicionais que incidem sobre as fintechs.
Fintechs e inclusão financeira: um marco no sistema bancário
O Nubank usou a oportunidade para reafirmar seu compromisso com a inclusão financeira. Segundo dados divulgados pela empresa, mais da metade dos seus clientes nunca haviam tido conta bancária antes de acessar os serviços digitais oferecidos pelo aplicativo.
A fintech afirma que seu modelo de negócios combina tecnologia, educação financeira e baixo custo, permitindo que pessoas de baixa renda e residentes em regiões afastadas das grandes capitais tenham acesso a cartões de crédito, investimentos e empréstimos.
Essa atuação transformou o Nubank em símbolo da bancarização no Brasil, com mais de 120 milhões de clientes na América Latina e presença crescente em países como México e Colômbia.
Tributação, concorrência e o futuro do setor financeiro
A discussão sobre tributação é central para o futuro do sistema financeiro brasileiro. Enquanto a Febraban defende uma equiparação das alíquotas, o Nubank argumenta que o foco deve estar em estímulos à inovação e à concorrência, pilares que beneficiam o consumidor final.
Especialistas apontam que, se o setor adotar um modelo de tributação igualitário sem considerar as diferenças operacionais entre bancos e fintechs, o país corre o risco de desestimular o surgimento de novas empresas de tecnologia financeira.
O Nubank, por sua vez, afirma que a tributação justa é uma forma de garantir equilíbrio competitivo, permitindo que inovações continuem a emergir e que o Brasil mantenha sua liderança regional em inclusão digital e bancária.
A revolução digital do Nubank
Desde sua fundação, o Nubank tem sido um dos principais agentes de transformação do setor financeiro. O banco digital eliminou tarifas, simplificou processos e trouxe transparência e praticidade ao relacionamento entre cliente e instituição financeira.
Entre as inovações que marcaram sua trajetória estão:
-
Aplicativo 100% digital, que dispensa a necessidade de agências físicas;
-
Cartão de crédito sem anuidade, um marco na popularização dos serviços financeiros acessíveis;
-
Conta digital gratuita e remunerada, com movimentação simplificada;
-
Investimentos e seguros integrados, acessíveis a qualquer perfil de usuário;
-
Soluções de crédito inteligente, baseadas em análise de dados e inteligência artificial.
Essas estratégias permitiram ao Nubank reduzir custos operacionais, repassar vantagens aos clientes e desafiar a estrutura de poder dos grandes bancos, que historicamente dominaram o sistema financeiro brasileiro.
Inovação e competitividade: o novo cenário das fintechs
O avanço das fintechs, lideradas pelo Nubank, impulsionou o surgimento de um ecossistema digital financeiro robusto no Brasil. Esse movimento tem forçado bancos tradicionais a modernizar suas operações, reduzir tarifas e investir em tecnologia.
O resultado é um ambiente mais competitivo, que beneficia o consumidor e fortalece a economia digital. Segundo analistas de mercado, o Brasil hoje é referência global em inovação bancária, e o Nubank é considerado um case internacional de sucesso.
Contudo, a disputa regulatória e tributária com a Febraban mostra que a transformação ainda enfrenta resistência, principalmente entre instituições tradicionais que buscam manter suas margens e estruturas consolidadas.
O que está em jogo
O debate entre o Nubank e a Febraban vai além da tributação: trata-se de definir o futuro da competitividade no sistema financeiro nacional.
Enquanto o Nubank defende um modelo que priorize equidade e incentivo à inovação, a Febraban busca uniformização das regras, o que poderia beneficiar grandes instituições com maior estrutura e capital.
A decisão sobre como equilibrar esses interesses caberá aos órgãos reguladores e ao Congresso Nacional, que deverão definir políticas capazes de estimular a concorrência sem comprometer a arrecadação e a estabilidade do sistema.
o episódio evidencia que o Nubank continuará a desempenhar um papel central na transformação digital do setor financeiro brasileiro. Sua estratégia de democratização e seu discurso de transparência o colocam em posição de destaque em um mercado que ainda busca se adaptar à era digital.
A expectativa é que o embate com a Febraban leve à criação de novos parâmetros regulatórios, capazes de equilibrar inovação, tributação e segurança jurídica.






