Impeachment de Alexandre de Moraes volta ao centro das atenções com pedido de Flávio Bolsonaro
O impeachment de Alexandre de Moraes voltou a ganhar destaque no cenário político brasileiro após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) protocolar um novo pedido contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A iniciativa eleva para 29 o número total de solicitações de impeachment apresentadas por senadores, deputados e cidadãos nos últimos anos. Essa ofensiva liderada por setores da oposição reacende o debate sobre os limites de atuação do Judiciário, o papel do Legislativo e as garantias das liberdades individuais no Brasil.
A movimentação ocorre em meio a um momento de crescente embate entre o STF e figuras proeminentes da direita política, em especial após decisões recentes de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo a imposição de tornozeleira eletrônica e a proibição de uso das redes sociais.
Pedido de Flávio Bolsonaro amplia ofensiva contra Moraes
O impeachment de Alexandre de Moraes solicitado por Flávio Bolsonaro foi protocolado no Senado no dia 23 de julho de 2025. Segundo o senador, a atuação do ministro ultrapassou os limites constitucionais, criando o que ele chamou de um “ordenamento jurídico próprio” e promovendo ameaças diretas às liberdades individuais dos cidadãos.
Flávio alega que o Judiciário, especialmente sob o comando de Moraes em decisões monocráticas, vem invadindo competências de outros Poderes e restringindo direitos fundamentais de parlamentares e do próprio ex-presidente Bolsonaro. O senador afirmou ainda que cabe ao Senado Federal exercer o controle constitucional sobre a conduta dos ministros do STF, conforme prevê o artigo 52 da Constituição Federal.
A iniciativa de Flávio, apesar de simbólica, também possui forte caráter político, servindo como combustível para a base bolsonarista e setores da sociedade que vêm criticando a condução das investigações contra Jair Bolsonaro.
As medidas cautelares contra Bolsonaro e o agravamento da crise institucional
Um dos principais estopins para o novo pedido de impeachment de Alexandre de Moraes foi a operação da Polícia Federal autorizada pelo ministro, que incluiu busca e apreensão na residência de Jair Bolsonaro. A medida veio acompanhada de decisões ainda mais restritivas, como a obrigatoriedade de uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de o ex-presidente conceder entrevistas ou utilizar redes sociais.
Mesmo sob restrições, Bolsonaro compareceu ao Congresso Nacional, exibiu a tornozeleira a parlamentares e concedeu rápidas declarações, o que levou Moraes a exigir explicações sobre a eventual violação das medidas cautelares. A defesa de Bolsonaro nega que tenha havido descumprimento, reforçando que ele agiu dentro dos limites legais.
Esse episódio aumentou ainda mais a pressão da oposição, que viu nas ações de Moraes uma ameaça direta à liberdade de expressão e à imunidade parlamentar de figuras ligadas ao campo conservador.
Senado tem papel central nos pedidos de impeachment
De acordo com a Constituição, o julgamento de ministros do STF por crimes de responsabilidade cabe exclusivamente ao Senado Federal. O avanço de qualquer processo de impeachment de Alexandre de Moraes, portanto, depende da decisão do presidente do Senado, atualmente Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o recebimento ou arquivamento da denúncia.
Historicamente, Pacheco tem evitado avançar com qualquer pedido contra ministros do Supremo, alegando a necessidade de preservação da estabilidade institucional e do equilíbrio entre os Poderes. Contudo, com o crescente número de pedidos e a pressão política sobre o Senado, o tema pode voltar à pauta de forma mais intensa no segundo semestre legislativo.
Damares Alves e oposição adotam o impeachment como prioridade
A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) declarou publicamente que a oposição no Senado adotou o impeachment de Alexandre de Moraes como prioridade para o segundo semestre de 2025. A declaração indica um esforço coordenado para pressionar o Senado a apreciar os pedidos acumulados e discutir a atuação do ministro.
Além de Flávio Bolsonaro, nomes como Bibo Nunes (PL-RS), Marcel Van Hattem (Novo-RS), Bia Kicis (PL-DF) e Caroline de Toni (PL-SC) também já apresentaram representações formais com o mesmo objetivo. A ofensiva é reforçada por outros senadores como Eduardo Girão (Novo-CE), Alessandro Vieira (MDB-SE) e Styvenson Valentim (PSDB-RN).
Muitos desses parlamentares defendem que o STF tem extrapolado suas funções, assumindo protagonismo em temas que deveriam ser debatidos e votados pelo Congresso Nacional.
Um histórico de pedidos de impeachment contra Alexandre de Moraes
O impeachment de Alexandre de Moraes não é um tema novo. Desde 2021, dezenas de pedidos já foram apresentados ao Senado por parlamentares e cidadãos comuns. Em 2021, o próprio Jair Bolsonaro ingressou com uma petição nesse sentido. Em 2022, Daniel Silveira também apresentou pedido de afastamento do ministro. O ex-deputado Roberto Jefferson, atualmente preso, protocolou uma solicitação semelhante em 2021.
Apesar da grande quantidade de pedidos, nenhum avançou até o momento. Todos foram arquivados ou seguem parados aguardando análise do presidente do Senado.
Esse histórico revela a dificuldade de transformar em ação concreta o descontentamento com decisões do STF. Mesmo com grande apoio popular em determinados segmentos, o caminho para um eventual impeachment de ministro da Suprema Corte é complexo e depende de articulação política de alto nível.
Riscos e impactos do processo de impeachment para o equilíbrio institucional
A abertura de um processo de impeachment de Alexandre de Moraes traria consequências profundas para o funcionamento das instituições. Enquanto uma parcela da sociedade enxerga a medida como legítima e necessária para conter abusos de poder, outros alertam para o risco de crise institucional grave.
A relação entre o STF e o Legislativo já vive momentos de tensão desde a pandemia e se agravou com os inquéritos sobre fake news, atos antidemocráticos e supostas tentativas de golpe atribuídas a aliados de Bolsonaro. Um processo de impeachment contra um ministro do Supremo seria algo inédito na história recente do Brasil e colocaria em xeque o equilíbrio entre os Três Poderes.
O papel da opinião pública no avanço do impeachment
A mobilização da base conservadora e da sociedade civil é vista como fator determinante para impulsionar o debate sobre o impeachment de Alexandre de Moraes. Nas redes sociais, hashtags relacionadas ao tema frequentemente figuram entre os assuntos mais comentados, com apoiadores cobrando posicionamentos firmes de seus representantes no Congresso.
Manifestações populares, pressões organizadas e campanhas públicas são estratégias utilizadas para tentar influenciar os senadores e forçar a abertura do processo. Entretanto, os obstáculos jurídicos e políticos são grandes, e o apoio da maioria dos senadores ainda está longe de ser alcançado.
Mais um capítulo na batalha entre STF e bolsonarismo
O novo pedido de impeachment de Alexandre de Moraes protocolado por Flávio Bolsonaro simboliza o aprofundamento da tensão entre o Judiciário e os setores políticos ligados ao bolsonarismo. Com 29 pedidos acumulados, o tema segue como uma das pautas mais polêmicas e delicadas da atual legislatura.
Apesar da baixa probabilidade de avanço imediato, a insistência nos pedidos serve para manter a narrativa viva entre os eleitores conservadores e pressionar o Senado a se posicionar. O desfecho dependerá da correlação de forças políticas e da capacidade de articulação da oposição, em um ambiente marcado por disputas ideológicas intensas e desconfiança entre os Poderes.






