Hermès registra alta nas vendas e consolida protagonismo global com forte demanda por bolsas Birkin
Crescimento de 9% nas vendas no segundo trimestre de 2025 reforça a força da marca no mercado de luxo, mesmo em cenário de desaceleração econômica global
Em um cenário desafiador para o mercado de luxo, a Hermès se destacou no segundo trimestre de 2025 com resultados sólidos e crescimento constante. Impulsionada, sobretudo, pela alta demanda por suas icônicas bolsas Birkin, a grife francesa reportou um aumento de 9% nas vendas globais, somando € 3,9 bilhões no período. Os números superaram as expectativas dos analistas e reforçaram o protagonismo da maison em meio à desaceleração que afeta outros gigantes do setor.
A força da Hermès está, mais uma vez, na combinação de tradição artesanal, exclusividade extrema e uma base de clientes ultrarricos que sustentam a demanda mesmo diante de aumentos de preços e novas tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos. Em um momento em que marcas como LVMH e Kering enfrentam quedas expressivas em suas receitas, a Hermès aposta no desejo contínuo por produtos atemporais — e as bolsas Birkin continuam sendo o principal motor desse sucesso.
Bolsas Birkin: o símbolo máximo do luxo artesanal e da exclusividade
As bolsas Birkin são muito mais do que acessórios de moda. Criadas em 1984, em homenagem à atriz Jane Birkin, essas peças se tornaram sinônimo de status, investimento e desejo no mercado de luxo. Feitas à mão por artesãos altamente treinados, as bolsas possuem produção limitada, filas de espera que ultrapassam meses (ou até anos) e preços que começam por volta dos € 10 mil — podendo ultrapassar facilmente os € 100 mil em versões especiais ou edições raras.
Esse controle rigoroso de oferta e demanda é parte central da estratégia da Hermès. Ao evitar a superexposição, a marca mantém o prestígio das bolsas Birkin no imaginário de consumidores de alta renda e colecionadores. A procura pelo item é tão intensa que, mesmo em momentos de instabilidade econômica, os pedidos se mantêm em alta, garantindo à Hermès uma vantagem competitiva considerável.
Resultados financeiros do 2º trimestre: crescimento acima das expectativas
Com crescimento de 9% nas vendas a taxas de câmbio constantes, a Hermès totalizou € 3,9 bilhões no segundo trimestre de 2025. O lucro operacional no primeiro semestre também surpreendeu, chegando a € 3,3 bilhões — uma alta de 6% frente ao mesmo período do ano passado. A capitalização de mercado da empresa foi avaliada em € 241,4 bilhões, se mantendo em patamar equivalente ao da LVMH, sua principal concorrente.
Esses resultados consolidam a liderança da Hermès, que já havia ultrapassado a LVMH em valor de mercado no início do ano. Mesmo com uma queda pontual de 4% nas ações após a divulgação do balanço, o acumulado do ano permanece positivo, com valorização de 12,5%.
Crescimento nas Américas e resiliência diante das tarifas dos EUA
Um dos destaques do trimestre foi o desempenho da Hermès nas Américas. As vendas na região cresceram 12,3%, superando amplamente as projeções. Esse resultado ocorreu apesar da alta de preços aplicada pela marca na primavera, como resposta às tarifas de importação de 15% impostas pelos Estados Unidos.
Em abril, o governo Trump anunciou um novo pacote de tarifas — apelidado de “dia da libertação” — que impactou diretamente o setor de luxo. A Hermès respondeu com um reajuste de preços e, até o momento, não prevê novos aumentos. O CEO Axel Dumas declarou que os preços atuais já são suficientes para mitigar os efeitos das novas tarifas, embora a empresa ainda aguarde detalhes completos das negociações comerciais entre EUA e União Europeia.
Queda em linhas secundárias e comportamento do consumidor aspiracional
Apesar do desempenho positivo nas bolsas de couro e na moda, algumas divisões da Hermès apresentaram recuos. Os produtos de beleza e os tradicionais lenços de seda — itens de entrada para consumidores aspiracionais — registraram queda de 4% nas vendas no primeiro semestre.
De acordo com o CEO Axel Dumas, a empresa observa uma diminuição no volume de clientes de primeira compra. Isso pode ser reflexo de um comportamento mais cauteloso por parte dos consumidores de renda intermediária, que costumavam acessar a marca por meio desses produtos mais acessíveis.
A tendência indica uma possível mudança de perfil de consumo, em que a alta inflação global, aliada ao aumento das taxas de juros, impacta a frequência de compra de produtos de luxo por parte da classe média alta — mas não afeta os clientes ultrarricos que continuam investindo pesado em bolsas Birkin.
Expansão global: desempenho sólido na Ásia e confiança no mercado chinês
Outro dado relevante foi o crescimento de 3% nas vendas na região Ásia-Pacífico (excluindo o Japão). Mesmo diante da desaceleração dos gastos chineses com luxo, a Hermès mantém uma visão positiva para o futuro no continente asiático.
Dumas afirmou que não vê “mudanças fundamentais” no comportamento do consumidor chinês e que confia no potencial de longo prazo do mercado de luxo na China. A marca continua investindo em expansão de lojas e presença digital no país, apostando em uma recuperação gradual do consumo premium.
Comparativo com outras gigantes do luxo: Hermès na dianteira
Enquanto a Hermès avança, outros grupos do setor enfrentam desafios. A LVMH, considerada a referência global do luxo, teve queda de 4% nas vendas no segundo trimestre. Já a Kering, conglomerado que controla marcas como Gucci, continua enfrentando dificuldades, especialmente com o desempenho fraco de sua principal grife.
A estratégia da Hermès, centrada em crescimento orgânico, foco no artesanato de excelência e controle absoluto da distribuição, mostra-se mais resiliente do que as abordagens baseadas em expansão acelerada ou marketing de massa. As bolsas Birkin são o símbolo maior dessa filosofia de exclusividade.
Tendências para o segundo semestre de 2025
Com os resultados positivos e a solidez da marca, a Hermès segue otimista para o restante de 2025. A expectativa é de que a demanda por bolsas Birkin continue forte, impulsionada por novos lançamentos, estratégias de escassez planejada e expansão de mercados emergentes.
Além disso, a marca deve seguir ajustando preços de forma estratégica em diferentes regiões, equilibrando margens operacionais e competitividade. Mesmo com eventuais oscilações macroeconômicas, a base de clientes da Hermès tende a manter o apetite por seus produtos de alta gama.
A empresa também sinalizou investimentos em sustentabilidade e rastreabilidade de produtos, com foco em materiais certificados e processos de produção mais transparentes — fator que ganha cada vez mais relevância entre consumidores de luxo conscientes.
As bolsas Birkin reafirmam o protagonismo da Hermès no luxo global
O segundo trimestre de 2025 foi mais uma prova da força da Hermès em um mercado exigente e competitivo. Com crescimento de vendas, lucro acima das expectativas e desempenho superior ao de concorrentes diretos, a grife francesa consolida sua posição como referência máxima no universo do luxo.
No centro dessa conquista está a bolsa Birkin, cuja aura de exclusividade e qualidade artesanal continua a encantar clientes ao redor do mundo. Mais do que um acessório, ela representa um estilo de vida — e, mais importante, uma estratégia de negócios que transforma desejo em valor tangível.
Com foco no longo prazo, respeito à herança da marca e execução impecável, a Hermès caminha com passos firmes rumo a novos recordes — sempre liderada por sua estrela mais brilhante: a Birkin.





