Nos últimos dias, as ações de varejistas brasileiras têm enfrentado quedas significativas. Essa tendência de baixa é atribuída a um cenário macroeconômico desafiador e ao aumento do endividamento e da inadimplência das famílias, fatores que têm impactado negativamente o consumo. Além disso, as discussões recentes relacionadas à tributação dos benefícios fiscais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) representam uma preocupação adicional para as projeções de lucro das empresas, afastando investidores.
Um relatório da XP Investimentos aponta que os resultados trimestrais das empresas do setor têm sido mais fracos do que o esperado, influenciados pela demanda desafiadora, estoques elevados e níveis significativos de endividamento. O analista de Varejo da XP, Gustavo Senday, acrescenta que uma pesquisa recente realizada com investidores institucionais mostrou que o sentimento em relação ao setor piorou, resultando em um “posicionamento leve” nas ações na Bolsa. Segundo Senday, a melhora nos resultados é vista como um fator chave para atrair mais investimentos.
A média de desempenho das empresas de varejo que fazem parte do Ibovespa apresenta uma queda de 15,6% no acumulado do ano. Algumas das varejistas mais impactadas incluem o Magazine Luíza (MGLU3) com uma queda de 41%, as Casas Bahia (BHIA3) com uma queda de 79% e a Lojas Renner (LREN3) com uma queda de 38%.
A XP Investimentos acredita que a temporada de resultados do terceiro trimestre de 2023 deve mostrar dados fracos, mas aponta que as empresas voltadas para alta renda e o varejo farmacêutico podem apresentar um crescimento mais resiliente. Por outro lado, o comércio de alimentos enfrentará desafios devido à deflação, e as empresas de e-commerce também devem sentir os efeitos da demanda retraída por bens duráveis.
Apesar da cautela em relação ao setor, o relatório da XP destaca alguns fatores que podem contribuir para resultados melhores no quarto trimestre. Entre eles, estão o clima mais quente devido ao fenômeno El Niño, que pode favorecer as vendas de vestuário; um maior número de dias úteis em comparação com 2022, quando ocorreu a Copa do Mundo e as eleições; o avanço do Programa Desenrola, que pode aliviar o endividamento dos consumidores; e a continuidade da queda nas taxas de juros e da desaceleração da inflação no Brasil.
O setor de varejo enfrenta desafios significativos, mas a expectativa é que medidas e condições econômicas favoráveis possam contribuir para uma recuperação nos próximos trimestres. Investidores continuam monitorando de perto as tendências do mercado e as ações das empresas varejistas à medida que o cenário econômico evolui.