Acordo Mercosul EFTA: O Novo Capítulo do Comércio Internacional Sul-Americano
O acordo Mercosul EFTA representa uma das mais significativas conquistas diplomáticas e comerciais do bloco sul-americano nas últimas décadas. Após oito anos de negociações iniciadas em 2017, o Mercosul finalmente firmou um tratado de livre comércio com a EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio), composta por Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein. Esse marco fortalece a estratégia de internacionalização do Mercosul, ao mesmo tempo em que posiciona seus países-membros como parceiros comerciais relevantes em nível global.
📌 O que é o Acordo Mercosul EFTA?
O acordo Mercosul EFTA cria uma zona de livre comércio entre dois blocos econômicos que juntos possuem um PIB (Produto Interno Bruto) combinado de aproximadamente US$ 4,3 trilhões e abrangem cerca de 290 milhões de pessoas. O tratado garante a eliminação de tarifas comerciais para a grande maioria dos produtos exportados entre as regiões, o que inclui setores industriais, agrícolas e de serviços.
A EFTA é um bloco formado por países fora da União Europeia, mas que exercem papel relevante no comércio internacional. Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, embora tenham populações pequenas em comparação com grandes potências econômicas, são mercados de alto poder aquisitivo e oferecem excelente infraestrutura para negócios.
🌐 Impacto nas exportações brasileiras
Com a entrada em vigor do acordo Mercosul EFTA, aproximadamente 99% das exportações brasileiras para a EFTA terão acesso livre de tarifas. A distribuição da liberalização de mercado será:
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Islândia e Liechtenstein: 100% das exportações brasileiras terão livre acesso;
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Noruega: 99,8% dos produtos brasileiros entrarão sem tarifas;
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Suíça: 97,7% das exportações brasileiras serão isentas de tarifas.
Esses números revelam um avanço significativo para a indústria e agricultura brasileiras, abrindo portas em mercados que antes impunham barreiras tarifárias mais rígidas, sobretudo para produtos industrializados e agrícolas com alto valor agregado.
📈 Avanço estratégico para o Mercosul
Além dos benefícios imediatos no comércio bilateral, o acordo Mercosul EFTA marca uma mudança de postura estratégica do bloco sul-americano. Com este novo tratado, a corrente de comércio brasileira coberta por acordos de livre comércio aumentará de US$ 73,1 bilhões para US$ 184,5 bilhões — um salto de 2,5 vezes.
Essa ampliação traz uma maior competitividade para produtos brasileiros em mercados exigentes e de alto valor. Além disso, torna o Brasil e os países do Mercosul mais atrativos para investimentos estrangeiros, que valorizam acesso facilitado a mercados internacionais.
🤝 O que prevê o acordo Mercosul EFTA?
O acordo Mercosul EFTA inclui cláusulas que cobrem:
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Eliminação gradual de tarifas de importação/exportação;
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Facilitação de investimentos estrangeiros;
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Regras de origem mais claras e simplificadas;
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Transparência regulatória;
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Compromissos em propriedade intelectual, comércio de serviços e desenvolvimento sustentável.
Esses elementos são essenciais para garantir que o acordo vá além de uma simples abertura comercial, promovendo integração econômica estruturada e de longo prazo.
🌍 Benefícios para os países da EFTA
Para os países europeus da EFTA, o tratado representa:
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Acesso facilitado a uma base industrial e agrícola sólida como a do Brasil;
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Fortalecimento de cadeias globais de suprimento;
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Diversificação de parceiros comerciais fora da União Europeia;
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Redução da dependência de mercados asiáticos em determinados setores.
O acordo Mercosul EFTA é, portanto, um ganha-ganha bilateral, pois também amplia as possibilidades de exportações europeias para países como Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
🇧🇷 A liderança do Brasil nas negociações
A liderança brasileira teve papel central na conclusão do acordo. Durante a 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, realizada em Buenos Aires, foi feito o anúncio oficial da conclusão das negociações. O presidente Lula (PT) assumirá a presidência rotativa do bloco, o que fortalece ainda mais o papel do Brasil no cenário regional e global.
O envolvimento direto de lideranças políticas e econômicas reforça a importância que o acordo Mercosul EFTA terá na agenda externa brasileira nos próximos anos.
🗳️ Próximos passos: ratificação parlamentar
Embora o acordo tenha sido concluído tecnicamente, ele ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos dos países membros, tanto do Mercosul quanto da EFTA. Este é um procedimento comum em tratados internacionais e pode demorar meses ou até anos, dependendo da conjuntura política de cada país.
Contudo, a vontade política manifestada por ambas as partes indica que a ratificação será tratada como prioridade, dada a relevância econômica e estratégica do tratado.
🧠 Considerações técnicas e econômicas
1. Aumento da competitividade
Empresas brasileiras que exportam para a Europa terão redução significativa no custo de exportação, o que aumenta a margem de lucro e competitividade global.
2. Fomento à inovação
O acesso a mercados como o suíço e o norueguês estimula a inovação industrial brasileira, dado o alto padrão exigido por esses países em qualidade e sustentabilidade.
3. Estímulo a cadeias regionais
Com regras mais claras de origem e comércio, empresas sul-americanas poderão se integrar mais eficientemente às cadeias globais de valor, reduzindo custos logísticos e fiscais.
🌱 Desenvolvimento sustentável e responsabilidade social
O acordo também contempla capítulos sobre:
Isso mostra que o tratado Mercosul EFTA segue padrões modernos de comércio internacional, alinhados com os princípios do ESG (Environmental, Social and Governance).
🔮 Perspectivas futuras
O acordo Mercosul EFTA pode servir de modelo para futuros tratados comerciais com outros blocos econômicos. A estrutura moderna, equilibrada e abrangente do tratado é um passo importante para a integração do Mercosul na nova ordem global de comércio.
O acordo Mercosul EFTA é mais que um tratado de livre comércio — é um símbolo da nova postura estratégica do Mercosul no século XXI. Ao garantir acesso facilitado a mercados sofisticados e exigentes, o bloco sul-americano amplia sua presença global, impulsiona a competitividade de suas empresas e reforça seu papel na economia internacional.
Com a entrada em vigor do acordo, empresas, consumidores e governos terão à disposição um ambiente de negócios mais dinâmico, previsível e integrado, com impacto direto na geração de empregos, inovação e desenvolvimento sustentável.






