Em uma entrevista exclusiva ao jornal britânico Financial Times, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, expressou a necessidade urgente de o Brasil considerar a imposição de limites à sua produção de petróleo. A entrevista, publicada nesta terça-feira, destaca as preocupações da ministra em relação aos objetivos nacionais de triplicar a energia renovável, que, segundo ela, serão inatingíveis sem a devida restrição à produção da commodity.
No entanto, a posição de Marina Silva coloca-a em confronto com setores internos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela revelou que enfrenta oposição dentro do próprio governo, liderada pelo ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, e pela Petrobras, cuja presidência está a cargo de Jean Paul Prates.
Enquanto os planos oficiais do governo federal visam transformar o Brasil em um dos maiores produtores de petróleo até 2029, a ministra defende uma abordagem mais cautelosa. O MME estabeleceu a ambiciosa meta de aumentar a produção de 3 milhões de barris por dia (em 2022) para 5,4 milhões. Caso essa meta seja alcançada, o Brasil se tornaria o quarto maior produtor mundial de petróleo, conforme destacado pelo FT.
Em meio a essas divergências, Marina Silva reconhece que o debate é desafiador, mas enfatiza a necessidade de os países produtores de petróleo enfrentarem questões cruciais. A ministra destaca a persistente insistência brasileira nos combustíveis fósseis, gerando ceticismo na comunidade internacional, especialmente após o apelo do presidente Lula para que países ricos assumam a maior parte do ônus no combate às mudanças climáticas.
Marina enfatizou a importância de manter o foco na transição para uma economia verde, argumentando que a segurança energética e a transição para fontes mais sustentáveis devem coexistir. A entrevista destaca as complexidades políticas e ambientais que permeiam o setor energético do Brasil, trazendo à tona um debate crucial sobre o futuro do país na era da transição energética global.