A Arauco, empresa chilena líder na produção de celulose e painéis de madeira, anunciou a construção de sua primeira fábrica de celulose branqueada no Brasil. O “Projeto Sucuriú”, como foi nomeado, será instalado no estado do Mato Grosso do Sul, a cerca de 50 km da cidade de Inocência. O investimento total previsto é de US$ 4,6 bilhões, ou aproximadamente R$ 25 bilhões, o maior da história da companhia.
Com uma capacidade de produção anual estimada em 3,5 milhões de toneladas de celulose, a fábrica será um marco não apenas para a Arauco, mas também para o setor de celulose no Brasil. O projeto será financiado por meio de emissão de dívida, um aumento de capital de US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 6,5 bilhões) e recursos próprios da empresa.
Detalhes do Projeto Sucuriú
O Projeto Sucuriú, como foi batizado, já está em fase de terraplanagem, e a expectativa é que a operação da fábrica tenha início no último trimestre de 2027. Entretanto, a Arauco ressaltou que o cronograma pode ser alterado devido a possíveis desafios no desenvolvimento do projeto.
A fábrica utilizará equipamentos fornecidos pela finlandesa Valmet, uma referência global em tecnologia de produção de celulose. Ao ser concluída, a nova unidade superará em capacidade a recém-inaugurada fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo, também no Mato Grosso do Sul. A unidade da Suzano, que entrou em operação no final de julho de 2024, possui uma linha única de produção com capacidade de 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano, enquanto a nova planta da Arauco terá capacidade para 3,5 milhões de toneladas.
Localização estratégica e importância do projeto
A nova fábrica será construída às margens do Rio Sucuriú, na região de Inocência, onde a Arauco já opera desde 2009 com atividades de manejo florestal e comercialização de madeira. A escolha do local foi estratégica, levando em consideração a proximidade com as operações florestais da empresa e as políticas industriais e florestais favoráveis do governo do Mato Grosso do Sul.
O Estado possui um clima ideal para o cultivo de eucalipto, árvore que é a principal matéria-prima para a produção de celulose. De acordo com a Arauco, as condições climáticas do Mato Grosso do Sul permitem que o eucalipto atinja o ponto de corte em apenas sete anos, tempo muito inferior aos 12 anos necessários para a mesma árvore crescer no Chile. Isso reflete um ciclo produtivo mais eficiente e competitivo, fortalecendo ainda mais a posição da empresa no mercado global de celulose.
Além disso, a unidade será construída em uma região estratégica para a logística, com fácil acesso a rotas de transporte para escoamento da produção tanto para o mercado interno quanto para exportação.
Impacto econômico e energético
A construção da nova fábrica de celulose terá um impacto econômico expressivo na região de Inocência e em todo o Mato Grosso do Sul. Com um investimento de R$ 25 bilhões, o projeto deverá gerar uma série de benefícios diretos e indiretos para a economia local, como a criação de empregos durante a fase de construção e operação da unidade. A expectativa é que o empreendimento movimente a economia local, com a geração de oportunidades de trabalho e aumento da demanda por serviços e infraestrutura.
Além da produção de celulose, a fábrica da Arauco terá a capacidade de gerar mais de 400 megawatts (MW) de eletricidade, dos quais 200 MW serão consumidos internamente pela unidade. O excedente, equivalente à energia necessária para abastecer uma cidade de aproximadamente 800 mil habitantes, será disponibilizado para o sistema elétrico nacional, contribuindo para a matriz energética do Brasil.
Essa autossuficiência energética faz parte da estratégia da Arauco de minimizar os impactos ambientais e promover uma operação mais sustentável. A geração de energia a partir de biomassa, utilizando resíduos do processo de produção de celulose, é uma das práticas que reduzem a dependência de fontes externas e fósseis de energia.
Concorrência no setor de celulose
A construção da nova fábrica no Brasil marca uma expansão significativa da presença da Arauco no país e intensifica a competição no setor de celulose. A principal concorrente da Arauco no Brasil, a Suzano, é atualmente uma das maiores produtoras de celulose do mundo. Com a inauguração de sua fábrica em Ribas do Rio Pardo, a Suzano reforçou sua liderança, mas a entrada da Arauco com uma unidade de maior capacidade promete alterar o equilíbrio de forças no setor.
A decisão da Arauco de investir no Brasil, e especificamente no Mato Grosso do Sul, reflete o crescente potencial do país como um hub global para a produção de celulose. O Brasil possui vastas áreas florestais adequadas para o cultivo de eucalipto, além de políticas públicas que incentivam o desenvolvimento da indústria florestal e de papel e celulose.
A expectativa é que, com o início das operações da nova fábrica da Arauco, o Brasil consolide ainda mais sua posição como um dos maiores exportadores de celulose do mundo. A empresa chilena, por sua vez, fortalece sua posição no mercado global, expandindo sua capacidade produtiva e diversificando suas operações.
Sustentabilidade e manejo florestal
A Arauco é conhecida por suas práticas de manejo florestal sustentável e deve manter essa abordagem na nova fábrica de celulose no Mato Grosso do Sul. A empresa atua no Brasil desde 2009, com operações florestais focadas na produção de madeira certificada, o que garante que suas atividades respeitem os princípios de sustentabilidade e conservação ambiental.
O manejo florestal responsável é fundamental para garantir que a produção de celulose não cause degradação ambiental ou desmatamento. A Arauco segue padrões internacionais de certificação florestal, como o FSC (Forest Stewardship Council), que atesta que a madeira utilizada na produção de celulose provém de florestas manejadas de maneira responsável.
Com a nova fábrica, a Arauco pretende continuar implementando práticas sustentáveis, promovendo o uso eficiente de recursos naturais e minimizando o impacto ambiental de suas operações.
O Projeto Sucuriú da Arauco representa um marco para a indústria de celulose no Brasil. Com um investimento histórico de R$ 25 bilhões, a nova fábrica não só aumentará a capacidade de produção de celulose no país, como também contribuirá para a geração de empregos e o desenvolvimento econômico da região de Inocência, no Mato Grosso do Sul. Além disso, o uso de práticas sustentáveis e a geração de energia renovável reforçam o compromisso da empresa com a sustentabilidade.
A expectativa é que a unidade entre em operação no final de 2027, consolidando o Brasil como um dos principais players globais no mercado de celulose.