A Auren, empresa resultante da reorganização societária entre o grupo Votorantim e o fundo canadense CPP Investiments no setor de energia, anunciou a aquisição da AES Brasil por meio de um acordo de combinação de negócios, em uma transação cujo valor não foi divulgado.
Com essa operação, a Auren cresce significativamente, tornando-se a terceira maior empresa do setor elétrico brasileiro, com uma potência instalada de 8,8 gigawatts (GW) de geração de energia renovável e um valor de mercado de R$ 30,8 bilhões. Além disso, a empresa consolida sua posição como a maior comercializadora de energia do país.
Especulações anteriores já indicavam o interesse da Auren na AES Brasil, devido à sinergia entre os ativos das empresas em São Paulo e no Nordeste. Com a aquisição, a Auren incorpora um portfólio de 25 ativos hidrelétricos, eólicos e solares em operação e em construção da AES.
A operação foi realizada por meio de uma reorganização societária que converterá a AES em subsidiária integral da Auren, criando uma única companhia aberta listada na bolsa. Além disso, projetos em execução aumentarão a capacidade da empresa combinada em cerca de 700 MW até 2024, impactando positivamente sua geração de caixa.
A saída da AES Corp, que detinha 34,79% da empresa e controlava suas operações, representa uma mudança significativa no cenário do setor. A estrutura acionária da nova empresa inclui o BNDESPar, Eletrobras, Luiz Barsi Filho e outros acionistas.
Desde sua criação, em março de 2022, a Auren demonstrou uma clara disposição para crescer e se posicionar entre as grandes geradoras de energia do país, buscando ativamente ativos de grande porte para fusões e aquisições. Após perder a disputa pela CEEE-G para a Companhia Siderúrgica Nacional em julho de 2022, a aquisição da AES Brasil coloca a Auren como a terceira maior geradora de energia do país, ficando atrás apenas da Eletrobras e da Engie.
Para Fabio Zanfelice, CEO da empresa, a aquisição da AES Brasil representa uma oportunidade única de criar valor para os acionistas, combinando os ativos e competências das duas empresas para formar a mais completa plataforma renovável do setor elétrico brasileiro.
A intenção da AES Corp de vender suas operações e deixar o Brasil pode ser atribuída, em parte, à dívida da AES Brasil e sua contribuição limitada para os resultados consolidados da empresa americana. Especialistas questionam a decisão de venda no momento em que a AES Brasil entra em um ciclo de desalavancagem, com novos parques eólicos entrando em funcionamento e maior geração de caixa.
Desde sua chegada ao Brasil em 1997, durante as privatizações do setor elétrico, a AES Corp vem realizando operações para reciclar seu capital no país. A venda da AES Sul para a CPFL em 2016, da Eletropaulo para a Enel em 2018, e da térmica Uruguaiana para a San Atanasio Energía em 2020, foram passos importantes nesse processo de reestruturação. Agora, com a saída do mercado brasileiro, a empresa abre caminho para novos rumos em sua estratégia global.