São Paulo, 27 de maio de 2024 – A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) revisou positivamente a projeção para o crescimento da carteira de crédito em 2024, elevando-a de 8,8% para 9,3%. A mudança nas expectativas ocorreu mesmo após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que reduziu o corte de juros de 0,5 para 0,25 ponto percentual, criando incertezas sobre os próximos passos da política monetária.
Revisões nas Projeções de Crédito
A pesquisa da Febraban destacou melhorias tanto no crédito direcionado quanto no crédito livre. A previsão de crescimento da carteira de crédito direcionado aumentou de 9,9% para 10,1% este ano. No segmento de crédito livre, a projeção subiu de 8,5% para 8,6%. A melhora nas projeções reflete a confiança dos bancos na continuidade da recuperação econômica, apesar das incertezas sobre a política de juros.
Taxa de Inadimplência e Perspectivas para 2025
A pesquisa também apontou uma ligeira melhora na projeção para a taxa de inadimplência da carteira de crédito livre em 2024, que passou de 4,5% para 4,4%. Para 2025, a previsão de crescimento da carteira total de crédito permaneceu estável em 8,9%. Enquanto a expectativa para a carteira com recursos direcionados foi ajustada para cima, de 8,9% para 9,1%, a previsão para a carteira com recursos livres foi revisada para baixo, de 8,9% para 8,7%.
Impacto das Políticas Públicas
Rubens Sardenberg, diretor de economia, regulação prudencial e riscos da Febraban, destacou que a melhora nas projeções de crescimento do crédito em 2024 está concentrada nas carteiras com recursos direcionados, que são mais sensíveis às políticas públicas. A pesquisa captou uma melhora nas projeções para o crescimento do crédito em 2024, na linha dos números relativamente positivos que temos visto na economia e no mercado de crédito neste início de ano. Contudo, nota-se que esta melhora foi concentrada nas carteiras com recursos direcionados, mais sensíveis às políticas públicas. Por outro lado, o desempenho esperado para o crédito livre ficou relativamente estável, provavelmente num sinal de cautela em relação à piora recente do ambiente econômico”, afirmou Sardenberg.
Divisão sobre a Taxa Selic
Os participantes da pesquisa da Febraban mostraram-se divididos em relação à taxa Selic ao final do ano. A maioria (61,1%) acredita que ainda há algum espaço para uma queda adicional dos juros, embora limitada, com a Selic encerrando o ano provavelmente ainda em dois dígitos. A incerteza sobre o futuro da taxa de juros reflete as percepções variadas sobre o compromisso do Banco Central com o atingimento da meta de inflação.
Fatores que Influenciam a Expectativa de Inflação
Questionados sobre os fatores mais determinantes para que as expectativas de inflação não estejam ancoradas, 44% dos respondentes apontaram para a “percepção sobre o compromisso do Banco Central com o atingimento da meta de inflação ao longo dos anos”. Esse resultado sugere que a confiança no Banco Central e suas políticas é crucial para ancorar as expectativas de inflação e garantir a estabilidade econômica a longo prazo.
As revisões positivas nas projeções de crescimento do crédito para 2024 indicam otimismo com a recuperação econômica, especialmente no segmento de crédito direcionado, que é influenciado por políticas públicas. No entanto, a cautela persiste no segmento de crédito livre, refletindo preocupações com a incerteza econômica e as decisões futuras de política monetária. A divisão entre os analistas sobre a trajetória da taxa Selic e as percepções sobre o compromisso do Banco Central com a meta de inflação mostram que a confiança nas políticas econômicas será determinante para a consolidação da recuperação econômica.