Em um relatório que será apresentado ao Fundo Monetário Internacional (FMI) amanhã, o Banco Central do Brasil revelou que as compras de criptomoedas no país estão sendo contabilizadas como importações de bens. O documento, redigido por Fernando Lemos, Gustavo Felipe de Sousa e Thiago Said Vieira, destaca que, no futuro, a intenção é classificar essas transações como aquisições/alienações de ativos não financeiros não produzidos, um componente da conta de capital.
O levantamento destaca que o volume mensal médio de transações relacionadas a criptomoedas atingiu US$ 850 milhões. As importações dessas criptomoedas totalizaram US$ 9,2 bilhões em um período de 12 meses encerrado em junho, enquanto as exportações foram de US$ 220 milhões. A grande discrepância entre importações e exportações é atribuída à ausência de atividade de mineração de criptoativos dentro do Brasil, com 80% da mineração mundial de Bitcoin concentrada em quatro países: China, Geórgia, Suécia e EUA.
O relatório descreve a estrutura do mercado brasileiro, destacando que as corretoras de criptoativos (exchanges) no Brasil realizam aquisições de criptomoedas criadas no exterior para oferecer a clientes locais. As transações são medidas por liquidações cambiais com moeda estrangeira e registradas no Sistema de Registro de Transações Internacionais do Banco Central do Brasil.
O volume médio mensal de transações cambiais relacionadas a criptomoedas cresceu significativamente, passando de US$ 6 milhões em 2017 para US$ 850 milhões em junho de 2023. As dez maiores exchanges do mercado brasileiro foram responsáveis por 75% de todas as transações nos últimos cinco anos.
No mercado de criptoativos, Bitcoin e Ether lideram as negociações, refletindo seus valores de mercado. No entanto, o relatório destaca que as transações com stablecoins ultrapassaram as transações com criptomoedas tradicionais no ano passado e representam 90% do valor total das transações de ativos digitais em 2023.
Além disso, o relatório revela que a maioria dos endereços que vendem criptomoedas para exchanges brasileiras está localizada em países como Estados Unidos, Hong Kong, Cingapura, Ilhas Virgens Britânicas e Reino Unido.