Nesta terça-feira (23), os democratas iniciaram, de forma extraoficial, suas primárias em New Hampshire, mesmo após a mudança do calendário pela direção nacional do partido, atendendo à pressão de Joe Biden, cujo nome não estava nas cédulas. Apesar disso, projeções da CNN indicam que o presidente foi o vencedor, confirmando pesquisas de intenção de voto.
Aliados do presidente lançaram uma campanha para que os eleitores escrevessem seu nome nas cédulas, evitando uma estranha derrota inicial no calendário democrata. Como a contagem manual dos votos levará mais tempo, espera-se o anúncio oficial dos resultados apenas nesta quarta-feira (24).
A campanha do presidente articulou para que as primárias começassem pela Carolina do Sul, devido ao eleitorado mais diversificado e próximo do perfil da base do partido, preterindo Iowa e New Hampshire, que historicamente davam início à competição. Iowa aceitou, mas New Hampshire manteve a data, não sendo uma votação oficial, sem delegados em jogo.
Durante o dia, Biden realizou um comício em defesa do direito ao aborto em Manassas, na Virgínia, já mirando a eleição geral contra, ao que tudo indica, Donald Trump. A rusga intrapartidária foi aproveitada por Dean Phillips, que lançou seu desafio a Biden pela vaga do partido na corrida presidencial.
Apesar de não haver delegados em jogo, um bom desempenho, algo em torno de 30% dos votos, pode levar a candidatura de Phillips a ser levada a sério. A escritora Marianne Williamson também está na disputa.
Houve uma campanha para que eleitores escrevessem “cessar-fogo” como forma de protesto contra o apoio de Biden a Israel em conflito com o grupo terrorista Hamas em Gaza.
A primária democrata em New Hampshire ficou ainda mais peculiar quando residentes receberam ligações sugerindo que não votassem, alegando que apenas o voto em novembro importaria. A voz, suspeita de ser gerada por inteligência artificial, aparentava ser a de Joe Biden. A Procuradoria do Estado está investigando o caso.
As ligações usavam o celular pessoal de Kathy Sullivan, ex-líder dos democratas no Estado, que colabora com a campanha para escrever o nome de Biden à mão. Sullivan alertou as autoridades sobre as ligações, classificando-as como uma interferência eleitoral flagrante e tentativa de assédio aos eleitores.
A utilização de inteligência artificial na campanha deste ano preocupa autoridades, temendo os chamados “deep fakes”, que podem simular candidatos com o intuito de enganar eleitores.