Boulos Critica Inconsistências nas Normas da Câmara
Guilherme Boulos, deputado federal pelo PSOL, recentemente criticou a aplicação seletiva das regras do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em suas declarações, Boulos afirmou ser contrário à norma vigente na Câmara, classificando-a como despropositada. Segundo ele, “não há razão de ser nela”.
No entanto, Boulos enfatizou que, se essa é a regra que está sendo utilizada, ela deve ser aplicada de forma igualitária, tanto para a extrema-direita quanto para os opositores. Ele destacou que a regra do Conselho de Ética da Câmara não pode ter tratamento diferenciado. “Se a regra do Conselho de Ética da Câmara é que só se cumpra na legislatura, não pode ser uma para os bolsonaristas e outra para o Janones. Em nenhum momento relativizei o crime de rachadinha”, afirmou o deputado.
Relação com Janones e Críticas aos Bolsonaristas
Boulos também deixou claro que André Janones, deputado federal, não é seu correligionário. Ele ressaltou que o partido de Janones apoia seu adversário na disputa pela prefeitura de São Paulo. “O Janones não é do meu partido. A relação que tenho com ele é que apoiamos o Lula. O partido do Janones aqui em São Paulo apoia o Ricardo Nunes”, explicou Boulos.
O deputado criticou os membros da Câmara que, segundo ele, tentaram usar a acusação de rachadinha contra Janones como um trunfo político. “Os bolsonaristas da Câmara queriam usar isso como trófeu, os mesmos caras livrados pelo Arthur Lira de sequer ir ao Conselho de Ética. Você não pode ter uma balança desequilibrada”, argumentou.
Boulos e as Piadas de Invasão: Uma Questão de Dignidade
Guilherme Boulos também expressou seu descontentamento com as piadas relacionadas à sua atuação no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Ele afirmou ter aprendido a reverter a conotação pejorativa dessas piadas para seu próprio benefício, embora admita que ainda se sinta chateado. Tentamos esclarecer isso para além do argumento e fizemos isso nas redes sociais brincando, porque se é isso que chama a atenção para a gente poder falar o que é, beleza. Agora isso me chateia de verdade, não por mim, mas pelas tantas pessoas que conheci no movimento, e que às vezes são atacadas como ‘vagabundas, que querem as coisas fáceis e tomam o que é dos outros'”, desabafou Boulos.
Esclarecimento sobre a Atuação do MTST
Para Boulos, é crucial esclarecer a verdadeira atuação do MTST. Ele afirmou que o movimento social nunca tomou ou invadiu a casa de ninguém, mas, ao contrário, trabalha para proporcionar moradia digna para pessoas necessitadas. “O MTST invade apenas propriedades que estão em situação irregular com o Estado, para que a Justiça cumpra o que preconiza a Constituição, de que esses imóveis devem ter uma função social”, explicou.
Função Social da Propriedade
O conceito de função social da propriedade é um princípio constitucional que prevê que todos os imóveis devem cumprir um papel social, seja por meio de sua utilização produtiva ou por atender a demandas sociais, como moradia. O MTST, segundo Boulos, busca fazer com que a Justiça assegure o cumprimento desse princípio, ocupando imóveis que estão em desacordo com a legislação vigente e, assim, reivindicando que esses espaços sejam destinados para habitação de famílias sem-teto.
Guilherme Boulos, ao defender uma aplicação justa das regras do Conselho de Ética da Câmara e ao desmistificar as ações do MTST, destaca a importância de se manter uma postura coerente e justa no cenário político. Além disso, ao abordar as piadas de invasão, ele mostra sensibilidade e respeito pelas pessoas que compõem o movimento social, reafirmando seu compromisso com a luta por moradia digna e a função social da propriedade.