O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reiterou sua preocupação em relação à mudança da meta fiscal pela equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em uma entrevista à emissora norte-americana CNBC, exibida nesta quarta-feira, 17 de abril de 2024, Campos Neto destacou que tais alterações têm o potencial de impactar a política monetária da instituição.
Campos Neto ressaltou que o Brasil enfrenta há muito tempo desafios fiscais e que o governo tem se esforçado para lidar com esse problema. No entanto, ele expressou sua preocupação com as recentes revisões das metas fiscais e como isso pode afetar as decisões e a atuação do Banco Central no mercado financeiro.
O governo apresentou o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) ao Congresso na segunda-feira, 15 de abril, anunciando uma alteração na meta fiscal para 2025, passando de um superávit primário de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para um déficit zero, mesma meta estabelecida para 2024.
Embora reconheça os esforços do governo para equilibrar as contas públicas, Campos Neto expressou ressalvas em relação ao atraso no superávit. Ele destacou a importância da harmonia entre a política fiscal e a política monetária, alertando para as consequências quando a credibilidade da política fiscal é comprometida, o que pode afetar a política monetária e ampliar suas consequências.
O presidente do BC também abordou a situação econômica nos Estados Unidos, mencionando que há incertezas em relação ao momento em que os índices de preços norte-americanos irão se estabilizar. Ele destacou que uma mudança nesse cenário poderia impactar a situação fiscal do Brasil, especialmente considerando a possibilidade de aumento das taxas de juros nos EUA para controlar a inflação, tornando a dívida brasileira em dólar mais onerosa.
Atualmente, a taxa de juros nos Estados Unidos está mantida no intervalo de 5,25% a 5,50%, desde julho de 2023, devido à robustez da atividade econômica, que se refletiu na inflação anualizada norte-americana em março, atingindo 3,5%.
A participação de Campos Neto em reuniões do G20 e outros eventos em Washington, capital dos Estados Unidos, destaca a importância das discussões internacionais para o cenário econômico global e a posição do Brasil nesse contexto.