O mercado de dívida mundial está testemunhando um desempenho excepcional nos últimos dois meses, atingindo o melhor ganho em um período tão curto desde 1990. Este fenômeno é alimentado pelas expectativas de que os principais bancos centrais adotarão cortes de juros agressivos em 2024 para combater o risco de recessão.
Ganhos Expressivos nos Índices de Dívida Global
O retorno total dos títulos no índice da Bloomberg para dívida global de grau de investimento em novembro e dezembro atingiu quase 10%, marcando um recorde significativo. O índice EMBI Global Diversified Composite do J.P. Morgan, que acompanha a dívida de mercados emergentes, registrou um aumento de quase 11% durante o mesmo período. Mesmo os bônus emitidos pelo governo brasileiro em abril deste ano apreciaram mais de 8%.
Hideo Shimomura, gestor sênior da Fivestar Asset Management, em Tóquio, descreveu a situação como um “carnaval dos títulos”, indicando um despertar significativo do interesse dos investidores no mercado de dívida.
Perspectivas de Cortes de Juros Refletem-se nos Mercados Futuros
Os mercados globais de juros futuros já estão precificando cerca de 1,5 ponto percentual de cortes nas taxas básicas dos EUA e Reino Unido para o próximo ano. Na zona euro, a confiança dos investidores é ainda maior, com aproximadamente 1,75 ponto percentual precificado. Essa visão reflete a crença de que os principais bancos centrais obtiveram sucesso na contenção da inflação.
Impacto nas Moedas e Retornos de Dívidas Denominadas em Outras Moedas
A queda nas yields dos títulos contribuiu para o enfraquecimento do dólar, impulsionando os retornos de dívidas denominadas em outras moedas. Euro, iene e libra estão sendo negociados nos níveis mais altos em pelo menos quatro meses, enquanto o franco suíço atinge o pico mais alto desde 2015. O real brasileiro caminha para fechar o ano com uma apreciação de mais de 9%.
Estímulos Globais para Diversos Segmentos de Dívida
Além dos Treasuries americanos, a alta global na dívida de grau de investimento foi impulsionada por títulos imobiliários nos EUA, além de dívida soberana da França e Alemanha, conforme apontam os dados da Bloomberg. Os títulos corporativos de grau de investimento em todo o mundo também experimentaram uma valorização de quase 11% desde o início de novembro, marcando outro recorde de ganhos em dois meses.
Indicações de uma Política Monetária Mais Flexível
Vishnu Varathan, chefe de economia e estratégia do Mizuho Bank em Singapura, observa que “a ferocidade do rali do mercado de dívida realmente aumentou os retornos totais para os investidores”, sugerindo uma indicação dos mercados de que uma política monetária mais flexível pode estar novamente no horizonte.