Nesta terça-feira (18), centrais sindicais se reuniram na Avenida Paulista, em frente ao prédio do Banco Central (BC), para pedir a queda da taxa básica de juros (Selic). Com bandeiras e carros de som, os manifestantes criticaram o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, e a política de juros altos mantida pelo BC.
Reunião do Copom e Contexto Econômico
O protesto coincidiu com o início da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável por definir os juros básicos da economia. Na última reunião, realizada no início de maio, o Copom reduziu a Selic pela sétima vez consecutiva, para 10,5% ao ano. Contudo, a velocidade dos cortes diminuiu. De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom reduziu os juros básicos em 0,5 ponto percentual a cada reunião, enquanto na última redução, o corte foi de apenas 0,25 ponto percentual.
Críticas às Altas Taxas de Juros
Apesar das reduções, os sindicalistas argumentam que a taxa de juros no país continua elevada. “Ainda é muito alto. Não dá para o Brasil fazer investimento”, afirmou Neiva Ribeiro dos Santos, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Neiva criticou a política de juros altos, que segundo ela, transfere recursos que poderiam ser utilizados para o bem-estar da população para especuladores financeiros. “A cada ponto percentual que os juros se mantêm nesse patamar significa R$ 38 bilhões na dívida pública. É dinheiro que o governo poderia estar investindo em outras coisas, em saúde, educação, infraestrutura, e está remunerando os juros da dívida, que quem ganha é um grupo de bilionários”, destacou.
Além disso, Neiva apontou que as altas taxas de juros contribuem para o endividamento das famílias, prejudicando ainda mais a economia doméstica.
Expectativas de Manutenção dos Juros
Na última ata da reunião do Copom, não havia indicativos de novos cortes na taxa de juros. Os membros do colegiado manifestaram preocupação com as expectativas de inflação acima da meta, em meio a um cenário macroeconômico mais desafiador do que o previsto anteriormente.
Para 2024, a meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, estabelecendo assim um limite inferior de 1,5% e um superior de 4,5%.
Na edição de segunda-feira (17) do Boletim Focus, pesquisa semanal realizada pelo Banco Central com representantes das instituições financeiras, os executivos expressaram expectativa de manutenção dos juros no patamar atual, reforçando a visão de que novos cortes não são iminentes.
O ato das centrais sindicais na Avenida Paulista reflete o descontentamento com a política monetária atual e a demanda por uma redução mais acentuada na taxa de juros. A continuidade das reuniões do Copom e as futuras decisões sobre a Selic serão determinantes para o rumo da economia brasileira e para atender ou não as reivindicações dos trabalhadores e sindicalistas que clamam por uma economia mais inclusiva e menos dependente dos altos juros.