A secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, confirmou nessa segunda-feira (3), após participar de reunião com ministros da economia do Mercosul, que o bloco estabeleceu como prioridade “dar continuidade à convergência macroeconômica em moeda comum”. Segundo ela, o Brasil quer aproveitar a presidência temporária para incrementar o Sistema de Pagamento em Moeda Local do Mercosul (SML).
“Foi uma reunião muito produtiva [aqui no Mercosul]. Nós tratamos dos estudos que foram feitos nesse tempo. E também traçamos uma agenda para o próximo semestre. O que a gente traçou como prioridade é dar continuidade à convergência macroeconômica em moeda comum”, disse.
“Vamos tratar das melhorias do SML, como forma de incentivar o uso disso no comércio [entre os países]. No curto prazo, o que podemos esperar é uma agenda de melhores operacionais no SML, que hoje em dia está muito aquém do sua potencial”, completou Rosito.
O Sistema de Pagamentos em Moeda Local já existe e funciona como um meio de pagamento internacional administrado pelo Banco Central do Brasil, em parceria com os bancos centrais da Argentina, Uruguai e Paraguai.
Na prática, permite que pagamentos e recebimentos sejam efetuados diretamente em reais, sem a necessidade de moeda intermediária, como o dólar, dispensando, assim, o contrato de câmbio. Isso torna o sistema mais eficiente e reduz o custo das operações.
Por meio desse mecanismo, exportadores e importadores dos países conveniados realizam as operações de compra e venda usando suas moedas locais, sendo o próprio SML encarregado de efetivar a conversão.
Por conta disso, segundo Tatiana, o Banco Central do Brasil estaria ciente e concordaria com essa incrementação do sistema. “Hoje, o sistema usa o dólar como compensação, por exemplo. Objetivo é que possa ser fortalecido com as principais tecnologias do mundo. É um sistema de pagamentos que permite compensação entre bancos centrais”, explicou.
Moeda comum é algo para longo prazo, afirma secretária
“O Banco Central participou da reunião e apoia o estudo de todas essas medidas operacionais”, complementou. Por fim, a secretária disse que os planos de uma moeda comum no Mercosul é algo para se pensar “a longo prazo”.
“A dependência ou não do dólar não é objeto específico das reuniões. O que nós buscamos é um maior espaço a reações para dificuldades. Pensar numa moeda comum a longo prazo seria um processo natural. Se você quer reforçar relações com parceiros, por que não usar isso?”, questionou.
“É um sistema que funciona de forma de bilateral. E isso, claro, exige regras harmônicas dos dois lados. O sistema hoje cursa entre 1% e 4% do comércio entre os países. Precisamos analisar a taxa de câmbio utilizado no sistema, para saber se isso é um incentivo ou não”, concluiu.