A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a fraude contábil na varejista Americanas marcou audiência pública com representantes das auditorias externas que faziam a avaliação das contas da companhia e, segundo o atual CEO da empresa, Leonardo Coelho Pereira, podem ter contribuído para as irregularidades.
A CPI ouvirá na terça-feira (4), às 15h, Carla Bellangero, sócia de auditoria da KPMG no Brasil, e Fábio Cajazeira Mendes, líder de auditoria da PricewaterhouseCoopers (PwC). Eles serão ouvidos em audiência pública, ou seja, não estarão na condição de investigados.
Também foi enviado ofício para que o ex-diretor-executivo da Americanas Miguel Gutierrez e o ex-diretor financeiro e de relações com investidores da empresa Fábio da Silva Abrate compareçam na terça-feira para tomada de depoimentos, mas ainda não houve resposta.
À CPI, Pereira disse que há indícios de que as auditorias auxiliaram na fraude. Ele mostrou uma carta da PWC com os antigos diretores da empresa “que ainda precisa de contexto”, mas “que dá indícios de que a PWC estava indicando como escrever o texto onde o tema risco sacado não ficasse claro”. Também divulgou e-mails da KPMG mostrando que a auditoria, segundo ele, “permitiu alteração de carta de controles a pedido da diretoria da Americanas”.
As auditorias não rebateram as acusações e disseram, em notas divulgadas na época, que estão proibidas de comentar sobre casos de clientes por cláusulas de sigilo nos contratos e regras da profissão. A KPMG fez a auditoria da Americanas entre os anos de 2016 e 2018. Em 2019, a PwC foi contratada pela varejista e aprovou sem ressalvas os últimos balanços.
Pereira acusou ainda a antiga diretoria de forjar contratos e balanços para mostrar ao mercado e investidores uma realidade diferente da verdadeira e os acusou de fraude. Segundo ele, após a conclusão das investigações internas, a empresa decidiu demitir todos os funcionários envolvidos que ainda continuavam vinculados à companhia.
Na pauta da CPI também estão 13 requerimentos para convocação de pessoas, como Camille Loyo Faria, nova diretora financeira e de relações com investidores da Americanas, e Marcio Cruz, ex-presidente da B2W e ex- CEO da Americanas digital. Ainda pode ser votada a requisição de documentos, como cópia das investigações da Companhia de Valores Mobiliários (CVM) contra a varejista.
Loja da varejista Americanas, investigada em CPI da Câmara por fraude contábil — Foto: Dado Galdieri/Bloomberg