Apesar dos avanços em diversas áreas, o mercado financeiro brasileiro ainda enfrenta uma grande disparidade de gênero. De acordo com dados da Quantum Finance, apenas 50 dos 1.052 gestores de fundos de investimento do país são mulheres, representando apenas 4,75% do total. Essa desigualdade também se reflete no número de ativos, com apenas 1.491 dos 25.321 fundos sendo geridos por mulheres, o que equivale a apenas 5,89% do total.
Embora as mulheres representem uma parcela significativa dos cotistas, com 19,51% do total de 4,7 milhões de cotistas, ainda há uma clara sub-representação no número de gestoras de fundos. No entanto, é importante notar que essas mulheres gerenciam um patrimônio considerável de R$ 1,4 trilhão.
Os dados também revelam que o retorno médio dos fundos geridos por mulheres nos últimos 12 meses foi de 12,86%, superando a média da indústria total, que ficou em 11,65%. Isso evidencia que a competência das gestoras não é o problema, mas sim as barreiras estruturais que limitam o acesso das mulheres a essas posições.
Para Amanda Coura, diretora de gestão da Suno Asset, essa disparidade reflete um histórico de predominância masculina na indústria financeira. Ela destaca a falta de exemplos e oportunidades para as mulheres no setor, algo que precisa ser corrigido urgentemente.
Itali Collini, economista e investidora anjo, ressalta que essa desigualdade está enraizada em questões sociais mais amplas, como o papel tradicionalmente atribuído às mulheres na sociedade e as barreiras enfrentadas no acesso à educação financeira e formal.
Além disso, a desigualdade de gênero não se limita aos cargos profissionais, estendendo-se também para o número de investidoras na Bolsa de Valores brasileira. Embora o número de CPFs femininos na B3 tenha aumentado significativamente ao longo dos anos, as mulheres ainda representam apenas 24% do total de investidores.
Para combater essa desigualdade, é crucial promover a educação financeira entre as mulheres, bem como criar políticas que incentivem a igualdade de oportunidades e salários no mercado financeiro. A inclusão de mais mulheres em posições de liderança e o estabelecimento de redes de apoio também são passos importantes nesse processo de transformação.
Enquanto o mercado financeiro brasileiro continua a enfrentar esses desafios, é fundamental reconhecer o valor e o potencial das mulheres como gestoras de fundos e investidoras, e trabalhar para criar um ambiente mais inclusivo e equitativo para todos.