O Banco Central do Brasil (BC) deu um passo importante na implementação da moeda digital do país, o Drex, ao anunciar a abertura da segunda fase de testes. De 14 de outubro a 29 de novembro, instituições financeiras interessadas poderão submeter suas propostas de participação. O foco será em soluções vinculadas a smart contracts, ou contratos inteligentes, uma tecnologia baseada em blockchain que automatiza a execução de acordos, tornando operações como compra e venda de ativos mais ágeis e menos burocráticas.
O que são Contratos Inteligentes?
Os contratos inteligentes são programas que executam automaticamente os termos de um contrato assim que as condições pré-definidas são atendidas. Essa tecnologia elimina a necessidade de intermediários, como cartórios, pois todo o processo é realizado de forma digital e descentralizada. As ações previstas no contrato, como transferências de dinheiro ou propriedade, ocorrem automaticamente, o que reduz custos e acelera as transações. O uso desses contratos é especialmente promissor em setores como compra e venda de imóveis, veículos e ativos do agronegócio.
Como Funciona o Piloto do Drex?
Para participar da segunda fase de testes do Drex, as instituições devem submeter propostas detalhadas que incluam o modelo de negócios, os impactos positivos esperados, metodologias de privacidade e possíveis desafios legais. As propostas selecionadas irão formalizar um termo de participação, além de designar um representante técnico para coordenar os testes junto ao BC.
O Banco Central espera que, durante essa fase, as instituições testem a emissão, resgate e transferência de ativos, além de simularem fluxos financeiros resultantes de eventos comerciais. O objetivo é garantir que a infraestrutura do Drex seja capaz de suportar as diversas aplicações de smart contracts no mercado financeiro, com foco em eficiência e segurança.
A Infraestrutura Tecnológica do Drex
O Drex está sendo desenvolvido em uma plataforma chamada Hyperledger Besu, que opera com código aberto e é compatível com a rede Ethereum. Isso permite que empresas realizem testes em ambientes controlados, assegurando a privacidade das transações e a flexibilidade do desenvolvimento descentralizado. Além disso, o uso de uma plataforma open source reduz custos com licenças e royalties de tecnologia, tornando o projeto mais acessível.
Os primeiros testes com essa infraestrutura começaram em março de 2023, avaliando a segurança, privacidade e agilidade nas operações simuladas com o real digital e depósitos tokenizados. Essas operações incluíram a testagem de depósitos de contas de reservas bancárias, depósitos bancários à vista e operações com títulos do Tesouro Nacional. Embora tenha havido avanços, também foram identificados desafios, especialmente relacionados à privacidade dos usuários.
Avanços e Desafios
A criação do Drex, anunciada em agosto de 2023, faz parte de um esforço maior do BC para modernizar o sistema financeiro do Brasil. A moeda digital, inicialmente prevista para entrar em circulação no final de 2024 ou início de 2025, teve seu desenvolvimento atrasado devido a paralisações internas no Banco Central e a desafios técnicos detectados na primeira fase de testes.
Problemas relacionados à preservação da privacidade dos usuários foram um dos principais obstáculos encontrados. No entanto, a segunda fase de testes, que começou em julho de 2023, com 16 consórcios autorizados, promete ampliar a participação de novas empresas e permitir o desenvolvimento de soluções tecnológicas mais robustas.
A meta é que até o fim do primeiro semestre de 2025, o Drex esteja pronto para lidar com uma variedade de aplicações, desde transações simples até operações mais complexas envolvendo contratos inteligentes.
O Potencial do Drex e Smart Contracts
A implementação do Drex, aliada aos contratos inteligentes, tem o potencial de transformar significativamente o ambiente de negócios no Brasil. Setores como o de agronegócio, imobiliário e de veículos devem se beneficiar diretamente dessa automação, eliminando etapas burocráticas e reduzindo o tempo das transações.
Além disso, o uso de contratos inteligentes poderá trazer mais transparência e segurança às operações financeiras. A eliminação de intermediários não só agiliza os processos, mas também reduz os custos, tornando os negócios mais acessíveis a uma gama maior de participantes.
Por exemplo, na venda de um imóvel, todas as etapas burocráticas, como registro em cartório e transferências de dinheiro, poderão ser feitas automaticamente, sem a necessidade de intermediários. Isso reduz significativamente o tempo e o custo de uma transação que, atualmente, pode levar semanas para ser concluída.
Futuro da Moeda Digital no Brasil
Apesar dos desafios, a expectativa é de que o Drex se torne uma ferramenta essencial para o futuro do sistema financeiro brasileiro. A integração de tecnologias como blockchain e contratos inteligentes com uma moeda digital oferece oportunidades imensas para inovação no mercado, desde o desenvolvimento de novos produtos financeiros até a inclusão de pequenos empreendedores e consumidores em um sistema mais eficiente e transparente.
Com a segunda fase de testes em andamento e a expectativa de novos participantes, o Banco Central está confiante de que o Drex trará mudanças profundas no mercado financeiro, tornando as operações mais ágeis, seguras e acessíveis a todos.
A criação do Drex e a incorporação de smart contracts representam um marco na modernização do sistema financeiro brasileiro. A segunda fase de testes abre novas oportunidades para empresas e instituições financeiras desenvolverem soluções inovadoras e eficientes, que poderão transformar profundamente a forma como realizamos transações no Brasil. À medida que os testes progridem, o Banco Central está comprometido em garantir a segurança, privacidade e eficiência do Drex, preparando o terreno para sua futura implementação.