Para quem ainda insiste em dizer que o Brasil não vai bem, a Gazeta Mercantil foi buscar as respostas diretamente na fonte. Conversamos com Guilherme Mello, economista, professor e atual secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, para entender como a economia brasileira está se recuperando.
Recuperação econômica
A guerra contra a fome, iniciada por Lula logo após assumir a Presidência da República pela primeira vez em 2003, tirou o Brasil da miséria. Foram mais de 10 anos de avanços contínuos, com geração de emprego, distribuição de renda e muita comida no prato da população.
No entanto, com o golpe contra Dilma Rousseff e a adoção de uma pauta neoliberal, houve uma retirada de direitos e o desmonte de programas sociais. O governo de Jair Bolsonaro aprofundou esses problemas, deixando um rastro de destruição que ainda assombra a vida de milhares de brasileiros. O retorno de Lula à presidência trouxe esperança de recuperação. Passados apenas um ano e meio do início de sua terceira gestão, já há muito o que comemorar, especialmente na área econômica, sob a liderança de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda.
O déficit e a herança maldita do governo Bolsonaro
Segundo Guilherme Mello, o Projeto de Lei Orçamentária enviado pelo governo Bolsonaro já previa um déficit de R$ 63,5 bilhões em 2023. No entanto, o projeto não incluía recursos para o Bolsa Família, no valor de R$ 600, nem para os benefícios previdenciários, resultando em um déficit real de R$ 138 bilhões. “O que estamos tentando mostrar é a situação em que o governo anterior deixou as contas públicas, com gastos imprevistos e calotes nos estados. Mesmo assim, conseguimos recuperar receitas com medidas como combate aos privilégios e às distorções do sistema tributário”, explica Mello.
A recuperação fiscal e impacto nas políticas públicas
Mello destaca que o desempenho fiscal tem sido positivo, graças às ações para recompor receitas e a base fiscal do estado brasileiro, sem aumentar impostos. “Estamos promovendo uma recuperação expressiva da receita tributária, que é a base do financiamento das políticas públicas”, afirma.
As políticas públicas já estão tendo impacto na vida das pessoas. Hoje, o Brasil registra a menor taxa de desemprego da série histórica recente, com um recorde de massa salarial e aumento do rendimento. “Ano passado, 3 milhões de pessoas saíram do Mapa da Fome, e tivemos uma queda expressiva da inflação. O poder de compra das pessoas está aumentando, o salário mínimo voltou a crescer, e isentamos o Imposto de Renda para quem ganha até dois salários mínimos”, destaca o secretário.
Programas sociais: Desenrola e Acredita
Mello também menciona uma série de ações no campo social e econômico que estão impactando diretamente a vida das pessoas, como os programas Desenrola e Acredita. “Mesmo com a taxa de juros elevada, esses programas estão mudando a vida das pessoas, tirando o brasileiro da inadimplência e permitindo que busquem novos rendimentos”, explica.
Redução do preço da picanha e outros alimentos
Durante o governo Bolsonaro, os preços das carnes aumentaram mais de 60%. No primeiro ano do governo Lula, a carne em geral acumulou queda de 9,26%, sendo o primeiro ano com deflação. “A picanha, em particular, teve uma queda de 9,5%. Dos 18 cortes de carne calculados pelo IPCA, 17 apresentaram queda no primeiro ano. Isso reflete o aumento do poder de compra da população e o aumento real do salário mínimo”, esclarece Mello.
Ampliação do crédito
A oferta e contratação de crédito também aumentaram rigorosamente, movimentando a economia. “Com programas para sair da inadimplência e a possibilidade de investir, seja na vida pessoal ou nos negócios, temos observado melhorias significativas. Outros fatores ainda levarão mais tempo para serem percebidos, mas a recuperação está em curso”, observa Mello.
Desafios e expectativas futuras
Mello reconhece a disputa política que dificulta a compreensão da realidade, com muitos fatos virando alvo de fake news. No entanto, ele acredita que os efeitos da política econômica já estão sendo sentidos. “Emprego, renda, crédito, qualidade de vida, acesso a alimentos e financiamento – tudo isso está começando a ser recuperado. Desde o ano passado, a população já mostra sinais claros desses avanços”, conclui.