Brasil em Posição Preocupante no Ranking Mundial de Competitividade
O Brasil ocupa a 62ª posição entre 67 países na 36ª edição do Ranking Mundial de Competitividade, elaborado pelo Instituto Internacional de Desenvolvimento Gerencial (IMD). O estudo, divulgado em junho, avalia quatro indicadores principais: Performance Econômica, Eficiência Governamental, Eficiência Empresarial e Infraestrutura. Cada um desses indicadores é composto por diversos subfatores, abrangendo desde Transparência e Finanças Públicas até Dívida Corporativa e Mão de Obra Qualificada.
Baixa Performance na Educação Executiva
O destaque negativo deste ano é a estreia da subcategoria Educação em Gestão, onde o Brasil ocupa a última posição entre os países avaliados. Esse item avalia a bagagem cultural e educacional dos profissionais que ocupam os cargos mais altos nas empresas. Para chegar a essa conclusão, o IMD realizou uma pesquisa quantitativa com 100 executivos brasileiros de diferentes setores, regiões e portes de empresas, com a responsabilidade do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC).
Formação Inadequada em Áreas Críticas
Hugo Tadeu, diretor do núcleo da FDC e líder da pesquisa no Brasil, aponta que a baixa performance na educação de executivos está diretamente relacionada à qualidade geral da educação no país. Ele destaca que muitos executivos chegam ao mercado, ou até ocupam posições de vice-presidentes, sem o domínio necessário em áreas fundamentais como finanças.
Tadeu enfatiza a necessidade de uma formação mais sólida em áreas críticas e exemplifica com a crescente discussão sobre inteligência artificial. “Todo mundo agora fala de inteligência artificial. Aí você começa a fazer daquelas perguntas mais simples. O que é um modelo de regressão linear? […] Ninguém sabe responder. Muita gente está falando sobre IA, sem saber necessariamente sobre aquilo que está falando.”
Comparação com Países Bem-Colocados
Singapura ocupa o primeiro lugar no ranking geral, enquanto a Suíça lidera na subcategoria Educação em Geral, graças à ênfase no aprendizado prático e na aplicação dos conhecimentos técnicos em casos reais. A pesquisa destaca que esses países investem em políticas de longo prazo com foco em ganhos de produtividade e priorização das áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
Desafios e Soluções para a Educação Executiva no Brasil
Apesar de o Brasil possuir escolas de negócios renomadas, como a Fundação Dom Cabral, a Fundação Getulio Vargas (FGV) e o Insper, que figuram entre as 100 melhores do mundo segundo o ranking do Financial Times, essas instituições ainda são consideradas “pequenas ilhas de excelência”. Hugo Tadeu ressalta que há uma carência significativa de profissionais interessados em áreas que aceleram a competitividade, como as STEM.
O relatório do IMD conclui que, para melhorar sua posição no ranking, o Brasil precisa investir em educação executiva com programas específicos focados em habilidades fundamentais para profissionais de alto nível. Hugo Tadeu afirma que “já passou da hora” de conselhos e lideranças discutirem temas como inovação, pesquisa e desenvolvimento, que ainda são distantes da realidade das empresas brasileiras.
Perspectivas para o Futuro
Para reverter essa situação, é crucial que o Brasil adote uma abordagem mais estratégica na formação de seus executivos. Isso inclui a implementação de políticas educacionais que incentivem o desenvolvimento de competências técnicas e a promoção de um ambiente empresarial que valorize a inovação e a eficiência.
Ranking Mundial de Competitividade: Top 10 e Bottom 10
Veja aqui os 10 primeiros e os 10 últimos países do ranking, com as posições de cada um nas categorias principais:
Top 10:
- Singapura
- Suíça
- Suécia
- Dinamarca
- Holanda
- Hong Kong
- Taiwan
- Noruega
- Finlândia
- Canadá
Bottom 10: 58. Croácia 59. Ucrânia 60. Argentina 61. Mongólia 62. Brasil 63. África do Sul 64. Venezuela 65. Jordânia 66. Índia 67. Venezuela
A colocação do Brasil no Ranking Mundial de Competitividade reflete a necessidade urgente de reformular a educação executiva no país. Investir em programas de formação específicos, que promovam habilidades essenciais e técnicas, é fundamental para melhorar a competitividade das empresas brasileiras. A promoção de uma cultura empresarial que valorize a inovação e a eficiência pode ser a chave para transformar a realidade atual e posicionar o Brasil de forma mais competitiva no cenário global.