O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, lançou críticas à indústria de máquinas de cartão de crédito, descrevendo o funcionamento desse produto como um “modelo de negócios artificial”. A declaração ocorreu em meio ao debate sobre a proposta de eliminação do sistema de rotativo do cartão de crédito, feita pelo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, durante conversas com senadores na semana passada.
Embora ainda não haja detalhes concretos sobre a nova medida, o presidente do BC expressou preocupação com o alto nível de inadimplência no sistema de rotativo do cartão de crédito, referindo-se a ele como um “problema no produto”. Isaac Sidney concordou com essa perspectiva, afirmando que as “maquininhas” de cartão de crédito exploram uma “distorção” no sistema atual para obter lucros. Ele observou que essas máquinas retêm receitas de juros, mas não assumem o risco de crédito associado ao processo.
Sidney argumentou que uma parte significativa da receita das máquinas de cartão é proveniente da antecipação dos recebíveis, já que são as empresas emissoras de cartão que determinam os juros, limites e condições do crédito rotativo. Ele enfatizou que os lojistas pagam um preço elevado por esse serviço, sugerindo que são as máquinas de cartão, e não os bancos, que buscam manter um modelo de negócios desequilibrado.
O presidente da Febraban revelou que os bancos estão envolvidos nas discussões sobre a eliminação gradual do rotativo, visando reduzir o risco e, consequentemente, diminuir os custos e os preços do crédito para os consumidores. No entanto, a indústria de “maquininhas” e o varejo se opõem à proposta de implementar um novo modelo de parcelamento com taxas de juros baseadas no prazo das operações.
Campos Neto afirmou que o Banco Central está trabalhando em políticas para oferecer alternativas ao rotativo, em colaboração com o Ministério da Fazenda e outras partes interessadas. O debate sobre o futuro do sistema de cartão de crédito continua, enquanto diferentes setores buscam encontrar um equilíbrio entre riscos, custos e benefícios para os consumidores e a economia como um todo.