Em resposta à proliferação de fake news sobre a recente tragédia climática no Rio Grande do Sul, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva firmou um acordo de cooperação com grandes plataformas de tecnologia. A iniciativa, mediada pela Advocacia-Geral da União (AGU), visa promover informações confiáveis e de qualidade, combatendo a desinformação que tem causado preocupação desde o início da crise.
Detalhes do Acordo
O acordo foi assinado por representantes das plataformas Google/YouTube, Meta (Facebook e Instagram), Tik Tok, X, Kwai e LinkedIn. O objetivo é garantir a integridade das informações divulgadas sobre a situação no Rio Grande do Sul, especialmente no que se refere à ajuda às vítimas das enchentes. As plataformas se comprometeram a adotar medidas técnicas e institucionais para restringir a disseminação de conteúdo falso.
Ações e Medidas Previstas
As big techs devem implementar mecanismos que facilitem o acesso a informações oficiais e confiáveis sobre a calamidade, incluindo serviços públicos prestados no estado. Ações de fact-checking, seja por meio de iniciativas próprias ou parcerias com organizações especializadas, também estão previstas no acordo.
Declarações Oficiais
Durante a assinatura do documento, o advogado-geral da União, Jorge Messias, destacou a importância do diálogo e da cooperação para enfrentar a desinformação. “Acho que o que sai daqui hoje é um modelo novo de trabalho. E é um modelo que a gente sempre apostou, o modelo do diálogo”, afirmou Messias.
Contexto e Validade
O texto foi elaborado em conjunto com a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). O acordo tem validade de 90 dias, com a possibilidade de extensão ou renovação conforme a evolução da situação.
Preocupações com a Desinformação
A propagação de fake news tem sido uma das principais preocupações do presidente Lula, que enfatizou a necessidade de responsabilizar os disseminadores de conteúdo falso. “Não sabia que existia uma espécie de ser humano tão canalha como a dos caras que fazem fake news”, declarou Lula.
Levantamento de Fake News
Um levantamento realizado pelo jornal O Globo identificou pelo menos vinte notícias falsas diferentes que circularam recentemente, amplificadas por políticos e artistas. Essas postagens alcançaram 13,46 milhões de visualizações apenas nas plataformas originais.
Fake News Desmentidas
- Caminhões: Parlamentares como o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) e o deputado Filipe Martins (PL-TO) propagaram que caminhões estavam sendo impedidos de entrar no estado e que doações sem nota fiscal estavam sendo barradas. As autoridades contestaram essas alegações, esclarecendo que veículos de carga não estão sendo retidos e que não há exigência de nota fiscal para donativos.
- Doações: Circulou a falsa informação de que a Defesa Civil estava pedindo doações em residências e que o PIX oficial das doações iria para os cofres públicos. A presidente da CCJ da Câmara, Carol de Toni (PL-SC), distorceu uma fala da ministra Simone Tebet, sugerindo que recursos não seriam enviados. Na verdade, uma nova conta bancária foi criada para gerir os recursos, e Tebet explicou que era necessário um levantamento das demandas antes do envio do recurso.
- Saúde: Falsas mensagens indicavam que médicos estavam proibidos de trabalhar e suas clínicas fechadas, além de alegações de que doações de medicamentos estavam sendo impedidas e que havia falta de vacinas. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Ministério da Saúde esclareceram que essas informações são incorretas, afirmando que os profissionais de saúde e clínicas continuam em operação, e que medicamentos e vacinas estão sendo regularmente enviados ao estado.
A assinatura do acordo com as big techs representa um passo significativo na luta contra a desinformação em tempos de crise. O governo brasileiro, em parceria com essas plataformas, busca garantir que a população tenha acesso a informações precisas e confiáveis, essenciais para a gestão eficaz da tragédia no Rio Grande do Sul. A iniciativa destaca a importância da cooperação entre o setor público e privado para enfrentar os desafios da era digital.