Guerra nas redes entre Lula e Bolsonaro redefine o cenário político digital no Brasil
A guerra nas redes entre Lula e Bolsonaro está moldando o ambiente político brasileiro muito antes do início oficial da campanha presidencial de 2026. Com a prisão de Jair Bolsonaro e a recente ofensiva de Donald Trump contra autoridades brasileiras, o embate digital entre os dois principais polos da política nacional ganhou força, deslocando a disputa para um campo onde cada postagem, engajamento e narrativa têm potencial para influenciar o cenário eleitoral.
Como começou a nova fase da disputa digital
A tensão política aumentou quando Donald Trump impôs sanções ao Brasil. O presidente Lula reagiu com um discurso firme de defesa da soberania nacional, conquistando atenção e engajamento nas redes sociais, inclusive em regiões historicamente mais conservadoras.
Enquanto isso, Bolsonaro, mesmo proibido de usar suas redes, mantém um papel central no bolsonarismo digital. Seus aliados e apoiadores organizam mobilizações online que mantêm seu nome em alta, reforçando pautas como liberdade individual, conservadorismo e críticas ao governo atual.
Os números da batalha online
De acordo com dados da Ativaweb, a guerra nas redes entre Lula e Bolsonaro é marcada por uma clara divisão geográfica:
-
Bolsonaro lidera em seguidores e engajamento no Sul, Centro-Oeste e polos urbanos do Sudeste, com forte apoio de comunidades evangélicas.
-
Lula domina o Nordeste, mas também cresce em estados conservadores como Paraná, Goiás e Distrito Federal, impulsionado pelo discurso contra Trump.
No Instagram, Bolsonaro soma 27 milhões de seguidores contra 13,6 milhões de Lula. Apesar da diferença numérica, o petista apresenta crescimento acelerado, especialmente entre jovens urbanos de 18 a 29 anos, que se engajam com temas como justiça social, meio ambiente e cultura.
Estados decisivos na disputa digital
A pesquisa identifica Minas Gerais, Pará e Amazonas como os estados mais equilibrados digitalmente, servindo de “termômetros nacionais”. Nessas regiões, pequenas oscilações de engajamento têm grande impacto na percepção geral da disputa política.
Mesmo tendo vencido nos nove estados do Nordeste em 2022, Lula enfrenta o avanço bolsonarista em estados como Bahia e Pernambuco. O estudo aponta que a base conservadora e evangélica está cada vez mais ativa nessas áreas, transformando-as em novos campos de disputa online.
Estratégias de comunicação e narrativa
O levantamento mostra que a batalha digital não se resume à quantidade de seguidores, mas à capacidade de viralizar narrativas. Nesse quesito, Bolsonaro ainda é visto como referência, especialmente pela habilidade de mobilizar sua base em torno de temas simbólicos.
Lula, por sua vez, vem conquistando espaço com discursos estratégicos que exploram temas de amplo apelo, como soberania nacional, defesa da democracia e combate às desigualdades. Essa abordagem tem ampliado seu alcance em segmentos tradicionalmente resistentes ao PT.
Engajamento espontâneo e picos de mobilização
A Ativaweb identificou momentos de grande mobilização, como o episódio da prisão domiciliar de Bolsonaro, que gerou mais de 6 milhões de menções nas redes. Esses picos evidenciam a força de uma militância digital capaz de se organizar organicamente, mesmo sem comando direto.
Lula também registrou alta no engajamento após seu confronto com Trump, conseguindo repercussão positiva em estados de maioria conservadora. A retórica patriótica se mostrou eficaz para atrair um público mais amplo e reverter parte da desvantagem digital.
Quem sustenta cada base
-
Bolsonarismo digital: fortalecido por comunidades evangélicas, setores conservadores e grupos organizados em aplicativos de mensagens.
-
Lulismo digital: apoiado por jovens urbanos, movimentos sociais, artistas e influenciadores progressistas.
A disputa não se limita às redes abertas como Instagram e X (antigo Twitter), mas também se estende para espaços mais fechados, onde a circulação de mensagens personalizadas e conteúdos segmentados mantém a base engajada.
O papel da tecnologia na política
A metodologia utilizada pela Ativaweb combina análise de sentimento, geolocalização e detecção de padrões de comportamento em tempo real. Isso permite identificar quais narrativas estão ganhando força, em que regiões e com quais grupos sociais.
Essa inteligência é cada vez mais valiosa para campanhas políticas, que passaram a considerar o engajamento digital não apenas como um reflexo da popularidade, mas como um fator determinante na formação de opinião.
Impacto no caminho até 2026
A guerra nas redes entre Lula e Bolsonaro indica que o cenário eleitoral de 2026 será influenciado por disputas diárias de narrativa, muito antes do horário eleitoral gratuito. O voto, segundo analistas, é apenas o desfecho de um processo contínuo de persuasão e contra-ataque travado nas redes.
Com a polarização digital em alta, a tendência é que ambos os lados invistam cada vez mais em estratégias segmentadas, linguagem personalizada e presença constante no ambiente online.






