O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo está empenhado em encontrar um “caminho do meio” para lidar com a desoneração da folha de pagamento em 17 setores econômicos que são os maiores empregadores do país. A medida, que tinha seu término previsto para este ano, foi prorrogada pelo Congresso Nacional, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a vetou com base na alegação da Advocacia Geral da União (AGU) de que a medida é “inconstitucional”, uma visão que diverge de pareceres jurídicos emitidos por vários órgãos.
A AGU sustenta que a medida é inconstitucional devido à falta de uma estimativa de impacto nas contas públicas, uma exigência para a criação de medidas de renúncia fiscal. No entanto, advogados constitucionalistas e tributaristas entrevistados pelo Valor refutam essa alegação, argumentando que o projeto de lei aprovado pelo Congresso apenas prorroga um benefício existente, não cria uma nova medida.
Haddad, em declarações recentes, expressou o compromisso do governo em evitar a judicialização do assunto e buscar uma solução equilibrada. Ele destacou que a reoneração parcial dos setores, como uma forma de transição, é uma das alternativas consideradas. “Já discutimos em linhas gerais com algumas lideranças, setores, quero crer que, diante da inconstitucionalidade do que foi aprovado, estamos tentando buscar um equilíbrio, um caminho alternativo”, afirmou.
O ministro informou que consultas foram feitas sobre a desoneração e que uma visão mais clara das possibilidades deve ser obtida nas próximas horas. Ele ressaltou que a economia brasileira está direcionada para um crescimento mais sustentável, beneficiando todos os setores. Além disso, ele expressou otimismo em relação à reforma tributária, destacando a importância de um sistema tributário mais justo para todos os setores da economia.
A desoneração da folha de pagamento é uma medida crucial para sindicatos, especialistas e empresários, sendo vista como fundamental para impulsionar a geração de empregos. A proposta permite que empresas nos setores afetados paguem uma alíquota de 1% a 4,5% sobre a receita bruta em vez da contribuição tradicional de 20% sobre os salários. O desfecho dessa discussão terá implicações significativas para a economia e o emprego no Brasil, e as próximas decisões do governo serão observadas de perto pelos diversos setores envolvidos.