No quarto trimestre do ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados reveladores sobre a população ocupada no setor privado no Brasil. A pesquisa, chamada de “Teletrabalho e Trabalho por Meio de Plataformas Digitais,” destacou que a população ocupada no setor privado, excluindo empregados no setor público e militares, totalizou 87,2 milhões de pessoas. Dessas, 2,1 milhões realizavam trabalhos por meio de plataformas digitais ou obtinham clientes e vendas por meio de comércio eletrônico, tendo essa atividade como ocupação principal.
Desse grupo de 2,1 milhões, 1,5 milhão de pessoas (equivalente a 1,7% da população ocupada no setor privado) usavam aplicativos de serviços, enquanto 628 mil pessoas utilizavam plataformas de comércio eletrônico. Esses dados, divulgados pelo IBGE, mostram a crescente presença dos trabalhadores digitais no mercado de trabalho brasileiro.
O estudo destaca que as atividades de transporte, armazenagem e correio reuniram a maior parte dos trabalhadores nessa categoria, representando 67,3% do total. Esse grupo abrange tanto o serviço de transporte de passageiros quanto os serviços de entrega, que são os aplicativos mais frequentes. Em seguida, o setor de alojamento e alimentação corresponde a 16,7% desse contingente, principalmente devido aos estabelecimentos de alimentação que utilizam plataformas de entrega para seus clientes.
O IBGE também revelou que a categoria de emprego “feita por conta própria” predominava entre os trabalhadores digitais, representando 77,1%. Empregados com carteira assinada compunham apenas 5,9% dos trabalhadores nessa categoria, enquanto no setor privado em geral, a proporção era de 42,2%.
No que diz respeito aos aplicativos utilizados por esses trabalhadores, o de transporte particular de passageiros foi o mais popular, com 47,2% de adesão. Em seguida, o serviço de entrega de comida, produtos e outros itens foi utilizado por 39,5% dos trabalhadores. Além disso, o aplicativo de táxi foi escolhido por 13,9% dos profissionais digitais, enquanto os aplicativos de prestação de serviços gerais ou profissionais representaram 13,2%.
O estudo do IBGE também analisou a distribuição geográfica dos trabalhadores digitais, destacando que o Sudeste liderava com 2,2% da população ocupada utilizando plataformas digitais. Nas demais regiões do país, o percentual variava entre 1,3% e 1,4%.
Em termos de gênero, 81,3% dos trabalhadores digitais eram do sexo masculino, uma proporção muito maior que a média geral dos trabalhadores ocupados, que era de 59,1%. As mulheres representavam 18,7% desse grupo.
No que diz respeito à idade, quase metade dos trabalhadores digitais (48,4%) tinha entre 25 e 39 anos.
Em relação à escolaridade, a maioria dos trabalhadores digitais tinha níveis intermediários de instrução, com ênfase no ensino médio completo ou superior incompleto, o que correspondia a 61,3% desse grupo.
Além disso, os trabalhadores digitais tinham uma renda 5,4% maior que a média dos ocupados, além de trabalharem mais horas semanais (46 horas contra 39,6 horas).
A pesquisa do IBGE destacou que, no quarto trimestre de 2022, apenas 35,7% dos trabalhadores digitais contribuíam para a previdência, enquanto na informalidade, 70,1% deles não estavam formalmente empregados. A pesquisa enfatizou que esse dado de informalidade se refere ao trabalho principal das pessoas.
O levantamento ressaltou a importância das plataformas digitais no mercado de trabalho e a crescente presença desses trabalhadores no cenário econômico do Brasil. Os dados coletados, segundo o IBGE, estão em fase de avaliação, mas fornecem um panorama importante sobre a realidade dos trabalhadores digitais no país.
O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e procurador do Ministério Público do Trabalho, Rodrigo Carelli, destacou a relevância do estudo do IBGE, que fornece informações essenciais sobre o mercado de trabalho, especialmente em relação à remuneração e à comparação entre trabalhadores que atuam em plataformas digitais e aqueles que não o fazem.
Em resumo, a pesquisa do IBGE lançou luz sobre a crescente presença dos trabalhadores digitais no mercado de trabalho brasileiro, destacando aspectos como renda, gênero, idade e escolaridade. Esses dados oferecem uma visão importante sobre a evolução do mercado de trabalho no Brasil e a influência das plataformas digitais nesse contexto.